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Fraudes na dívida de Mauá estão longe de solução
Mark Ribeiro
do Diário do Grande ABC
04/12/2011 | 07:40
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Nário Barbosa/DGABC


O caso estarrecedor de fraudes na dívida ativa e desapropriações ilegais feitas pela Prefeitura de Mauá durante o governo do ex-prefeito Leonel Damo (2005 a 2008) segue longe de ser solucionado. Dois meses após o início de série de reportagens publicadas pelo Diário, que detalhou esquema que lesou os cofres públicos em R$ 1,9 milhão, inquérito policial sofre para registrar avanços e comissão parlamentar de acompanhamento adota linha errônea de atuação.

Há quatro semanas, a Polícia Civil protocolou representações na Justiça cobrando as quebras de sigilos telefônicos e bancários de envolvidos no episódio, mas até agora não obteve retorno do Judiciário. "Aguardamos as respostas para dar sequência à investigação", afirma o delegado que preside o inquérito, Alberto José Mesquita Alves.

Entre os alvos das quebras de sigilos estão os irmãos Harue e Akira Yamomoto, proprietários de terreno de 80 mil metros quadrados no bairro Sertãozinho, cuja dívida de IPTU (acumulada entre 1991 e 2008) de R$ 526 mil foi perdoada com o pagamento de R$ 2.412,47. A dupla alega (mas não comprova) ter pago R$ 200 mil a uma pessoa que se identificou como funcionária da Prefeitura e que garantiu que abateria o débito com a quantia.

Em outra frente de tentativa de solucionar o caso, a comissão parlamentar de acompanhamento criada na Câmara há um mês trilhou caminho errado no início de atuação. Até aqui, o grupo formado pelos vereadores Osvanir Carlos Stella, o Ivan (PSB), Edimar da Reciclagem (PSDB) e Dario Duarte Coelho (PT) organizou reunião com representantes do Ministério Público, que arquivou o caso em maio e encaminhou à Polícia. "Não conseguimos detalhes", admitiu o tucano.

Diante da falta de informações, o trio tentará agendar para esta semana encontro com Mesquita Alves para então questionar a Prefeitura. "Se depois disso não surtir efeito, acho que teremos de ir mais a fundo na investigação", ressalta Edimar.

Há 30 dias, ele foi demovido pelos colegas de tentar emplacar Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o assunto, ferramenta que conferiria mais poder aos vereadores no episódio. Na ocasião, deu prazo de um mês para a comissão de acompanhamento apresentar resultados satisfatórios, sob ameaça de protocolar, de novo, pedido de abertura de CPI.

"Tenho dado total liberdade para o Edimar se movimentar, até para amanhã não vir dizer que foi podado", intervém Ivan, que preside o grupo. O socialista foi aliado da gestão interina de Diniz Lopes (PR) no Executivo, em 2005. A administração do republicano e os governos atual e passados (1997 a 2004) de Oswaldo Dias (PT) são acusadas pelo ex-chefe da dívida ativa de Damo, Alcibíades Baesa Júnior, de também terem suportado esquemas corruptos no setor.




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