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Intérpretes das paixões

Elymar Santos dedica disco às canções de Alcione

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
27/11/2011 | 19:45
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Além da fascinação e do respeito, paira em Elymar Santos, sobre Alcione, o agradecimento pela ajuda que redefiniu sua carreira. Era 1985, época em que ele ainda cantava em bares, pela noite, quando ela lhe contou de qual maneira conduzia sua vida artística, e lhe inspirou a fazer o mesmo com a sua. "Alcione foi responsável pelo meu gesto de alugar o Canecão, ato que transformou e fez decolar minha carreira", conta ele, que vendeu tudo que tinha para apostar na profissão.

O agradecimento vira agora reverência, com o lançamento de "Elymar Canta Marrom" (EMI, preço médio R$ 16 o CD e R$ 25 o DVD), registro ao vivo de show.

Tomando cuidado para fugir das canções extremamente femininas da Marrom - a exemplo de "A Loba" e "Nem Morta" -, o cantor e compositor buscou temas apaixonados que coubessem tanto para o homem quanto para a mulher. "Tem hits, mas peguei também algumas canções que, ao escutar, podem soar como se fossem minhas. A Alcione tem um repertório muito vasto."

Entre clássicos como "Além da Cama", "Gostoso Veneno" e "Você Me Vira a Cabeça", estão pérolas que estavam escondidas, como "A Paixão Tem Memória", "Quero Ver Amanhã", "Uma Nova Paixão" e "Eu Vou Pra Lapa.

A afinidade de gostos dos dois, pelo menos a que é mostrada no disco, recaiu sobre a paixão. "A gente se parece muito nessa coisa de cantar o amor, que é o fio condutor do nosso trabalho. Ela não tem pudor de falar do amor da maneira como ele gosta de ser falado e tratado, sem medo de se expor."

FORMA - Entre o autêntico samba que transparece no trabalho de Alcione, Elymar traz alguns respiros do gênero para as canções que reinterpreta, como é o caso de Faz "Uma Loucura Por Mim", transformada em tango, e "Estranha Loucura", feita só com acompanhamento de violão.

"Procurei manter alguns arranjos e fui radical em outros, trouxe eles para o meu mundo. Você só pode ser diferente se for acrescentar algo à canção. Mexi nas músicas com sutileza, sem machucá-las", diz Elymar, que cita casos de composições que jamais teria coragem de mexer, como "Você Me Vira A Cabeça", com acordes que mal iniciam e já tomam atenção e aplausos da plateia.

Sem comparação com a extensão vocal e a veia interpretativa de Alcione, o cantor abusa do gogó para chegar perto. E se dá melhor quando o tema pede mais fôlego e potência. A variedade é a receita, mas a falta de versatilidade de Elymar - em comparação à Marrom - às vezes o faz derrapar, como na dramática "Qualquer Dia Desse".

"Digo que ela vai do catolicismo ao candomblé com a sabedoria dos que entendem que o grande religioso é o que entende e respeita a religião do outro", discorre o cantor sobre a potência da homenageada.

"Espero que as pessoas entendam que não é um cantor querendo competir com ninguém, é apenas uma homenagem a uma grande estrela brasileira. Está na hora de prestigiarmos gente assim em vida, chega de homenagear apenas na hora em que morre."




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