O diretor comercial da Cellopark (empresa que explora a Zona Azul de Mauá), Aluisio Girardi, revogou as férias em Salvador para prestar esclarecimentos na Câmara sobre os serviços executados pela companhia. Após a sabatina, que ocorreu ontem a portas fechadas, os vereadores absolveram a firma e passaram a ter outro alvo: o secretário de Mobilidade Urbana, Renato Moreira, que, pela segunda vez em uma semana, não atendeu ao chamado dos parlamentares.

Os pontos mais contestados do contrato da Prefeitura com a Cellopark são a falta de período de tolerância no estacionamento e a expansão das vagas demarcadas para áreas residenciais. A gota d'água para a convocação de Girardi foi a suposta ameaça de morte exercida por um funcionário da empresa a Professor Betinho (PSDC), há duas semanas.

O diretor comercial anunciou a abertura de sindicância interna para a apuração do caso envolvendo Betinho. Sobre os serviços, deixou apalavrado o compromisso em respeitar tolerância de 15 minutos através do "bom-senso" (não há lei que regulamente o prazo) e que a Cellopark apenas cumpre decretos do Executivo ao expandir a Zona Azul para além dos centros comerciais. "A empresa não tem autonomia para definir onde terá vaga demarcada ou não".

Com as respostas, os vereadores passaram a atacar o governo. "Ficou claro que a má gestão é da Prefeitura", disse Betinho. "Foi uma reunião de deboche, que mostra que a administração está solta", externou Alberto Betão Pereira Justino (PSB). Atila Jacomussi (PPS) cobrou que a tolerância seja normatizada.

Outra bronca da Câmara é com relação a informações de que funcionários da Cellopark têm sido instruídos pelo governo a alardearem que os vereadores são os responsáveis pela implementação da Zona Azul no município. "Já teve assessor meu que presenciou esse fato. Isso é da natureza do fascismo", disse o presidente da Casa, Rogério Santana (PT).

O petista antecipou que fará novo convite para que Renato Moreira se explique no Legislativo, mas descartou convocá-lo, como o feito com a Cellopark. "Convocação só se justifica quando há resistência, mas não é o caso. Ele me ligou dizendo que surgiram outros compromissos de última hora, por isso não veio", defendeu. 

ADEQUAÇÃO

A Câmara aprovou em definitivo projeto que adequa a reforma administrativa feita na Prefeitura em 2009 à Constituição. A lei foi alvo de Ação Direta de Inconstitucionalidade por não especificar as atribuições de 307 dos 506 comissionados do governo. Desta forma, o prefeito, Oswaldo Dias (PT), acaba com o risco de ter de exonerá-los. 

Integrante da base, Cincinato se diz traído pelo governo 

"Entregaram uma linda mulher, mas acordamos com um lindo homem." Dessa forma o vereador Cincinato Freire (PDT), que integra a base de sustentação à administração do prefeito Oswaldo Dias (PT), traduziu o que chamou de "traição" do governo no caso envolvendo a Zona Azul.

A queixa do pedetista remete a 2010, quando a Câmara aprovou lei autorizando a exploração do serviço. Mas pontos prioritários da peça, como as vias que seriam atingidas e o valor da tarifa, ficaram para ser regulamentados por decreto do Executivo.

"No dia que apresentaram o projeto, disseram (governo) que iriam implantar somente nos centros comerciais. Mas, no afã de arrecadar, estão colocando na cidade inteira", reclamou o pedetista. "Já fui multado 13 vezes. Me sinto perseguido. E olha que sou da situação."

Cincinato também se disse "envergonhado" pela redução de 29 para 16 locais de votação para a eleição do Conselho Tutelar, que ocorre domingo. A Câmara aprovou requerimento assinado pelos 17 vereadores cobrando o acréscimo de pontos, mas não foi atendida pelo Paço. "É desrespeito aos moradores e a uma eleição tão importante."