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Grande ABC tem 2.760
projetos de pesquisa

Universidades investem na divulgação de ideias inovadoras
em todas áreas para conseguir atrair alunos e financiamento

Angela Martins
Do Diário do Grande ABC
16/11/2011 | 07:02
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Sete das maiores universidades da região mantêm atualmente 2.760 projetos de pesquisa científica em andamento, em todas as áreas do conhecimento, como ciências biológicas, exatas e humanas. Importante polo de produção, o Grande ABC serve como celeiro de ideias inovadoras e que trazem novos olhares para indústria e sociedade.

"A demanda de projetos que vemos hoje nas universidades é muito grande e a possibilidade de crescimento dessa produção é alta", destaca o pró-reitor de Pesquisa da Universidade Federal do ABC, Klaus Werner Capelle. Com aproximadamente 1.000 pesquisas, a instituição preza pela liberdade na escolha de temas. "Entendemos que a melhor forma de liberar a criatividade dos nossos professores e alunos é impor o mínimo de restrições. Nossa ênfase é interdicisplinar e não se limita a uma área do conhecimento", explica.

A alta produção, no entanto, esbarra na falta de infraestrutura da UFABC. Com dois campi em construção, falta espaço físico para aumentar o volume de estudos. Apesar disso, o estímulo é para que novos projetos sejam iniciados. "Nossa universidade é a única do País que exige em edital a contratação exclusiva de professores com doutorado e perfil de pesquisador. Isso estimula os estudantes a se aventurar pelo campo da pesquisa."

 

INDÚSTRIAS

O setor industrial está constantemente em busca de novos processos e a pesquisa universitária é berço de ideias que podem ajudar a criar produtos revolucionários para o mercado. "Podemos dizer que todo parque produtivo da região mantém parceria com a universidade na busca de aperfeiçoamento", diz o vice-reitor de Ensino e Pesquisa da FEI, Marcelo Pavanello.

No entanto, falta comunicação para estreitar os laços. "A atividade universitária é grande, mas um pouco apagada por culpa das próprias instituições, que não divulgam seus trabalhos. Precisamos aumentar a visibilidade", enfatiza o reitor do Instituto Mauá de Tecnologia, Otavio de Mattos Silvares.

"Não podemos deixar as teses mofando na biblioteca. Precisamos mostrar o que está sendo feito para angariar financiamentos", emenda o pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da USCS, Eduardo de Camargo Oliva.

Como primeiro passo para divulgar a pesquisa científica na região, foi realizado semana passada o Simpósio de Pesquisa do Grande ABC, evento inédito que reuniu as principais instituições de ensino superior da região. O encontro foi resultado da união de esforços da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Universidade Metodista de São Paulo, Centro Universitário da FEI, Centro Universitário Fundação Santo André, Faculdade de Medicina do ABC, Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia e UFABC.

 

RANKING

A campeã em número de projetos (entre iniciação científica, trabalhos de pós-graduação e teses de mestrado e doutorado) é a FSA, com 1.100 trabalhos. Em seguida aparece a UFABC, com 1.000. A FEI mantém 300 pesquisas, na USCS são 127, FMABC contabiliza 100, Metodista mantém 87 e Instituto Mauá possui 45.

 

Fapesp libera R$ 10,9 milhões para estudos

 

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, uma das principais agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica do País, liberou R$ 10.929.457 para projetos que estão em andamento em cinco universidades da região. A maior beneficiada é a UFABC, que abocanhou R$ 9.965.156 para compra de equipamentos, auxílios a pesquisa e bolsas de estudo e treinamento técnico.

Para a FMABC, a Fapesp desembolsou R$ 488.519 para apoio a bolsas e auxílios regulares a pesquisa. A USCS recebeu R$ 131.084, à Metodista foram R$ 122.041 e o Instituto Mauá de Tecnologia embolsou R$ 222.657.

Com autonomia garantida por lei, a Fapesp está ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Governo do Estado de São Paulo e tem orçamento anual correspondente a 1% do total da receita tributária do Estado. Os recursos financeiros desembolsados aumentaram 14,8% em 2010 em comparação com o ano anterior.

Com o desembolso de R$ 780,03 milhões em 2010, a fundação mantém a curva ascendente de fomento à pesquisa, que cresceu 69% na última década. Os dados estão no Relatório de Atividades 2010.

 

Transistor permitirá eletrônicos menores

 

Uma nova formatação dos transistores - circuito eletrônico existente em todos aparelhos eletrônicos - promete reduzir as dimensões de celulares e computadores, além de aumentar a velocidade de processamento. O estudo desenvolvido pelo professor de Engenharia Elétrica da FEI, Salvador Pinillos Gimenez, deve inaugurar uma nova geração de eletrônicos.

"Nenhuma pesquisa mundial pensou em mudar o layout do transistor, que hoje é retangular. Mudando o formato para exagonal, aumentamos o valor da corrente elétrica", explica o pesquisador, que patenteou a descoberta em 2008.

 

GENÉTICA

No campo da pesquisa genética, a estudante de mestrado da FMABC Fernanda Abani Mafra, 23, busca decodificar os genes de mulheres portadoras de endometriose - doença ginecológica bastante agressiva, caracterizada pelo crescimento de endométrio fora da cavidade uterina - para melhorar o tratamento.

"Descobrimos que a telomerase, enzima localizada no final de cada cromossomo, se comporta como célula cancerígena nas mulheres com a doença. Esse mapeamento permitirá, por exemplo, descobrir quais mulheres que, se operadas, conseguirão gerar filhos sem a necessidade de inseminação artificial. Isso economizaria tempo e dinheiro dos cofres públicos", destaca.

 

Fruta em barra pode ser comercializada

 

Desenvolvido por um grupo de quatro alunas do 5º ano de Engenharia de Alimentos do Instituto Mauá de Tecnologia, o steak prebiótico de manga foi a sensação da última Eureka - feira de trabalhos de conclusão de curso promovido pela instituição em outubro. A ideia de transformar a fruta em barra embalada a vácuo pode virar realidade no mercado.

"Até a apresentação na Eureka, não tínhamos pensado nisso. Mas como houve tanto sucesso, agora estamos estudando a montagem de briefing para levar a empresas. O produto deve chegar ao consumidor a R$ 3,20", diz Sandra Fabro Caffaro, 23. A fruta em barra tem validade de um mês, não tem adição de açúcar e conservantes, mas sim de prebióticos, bactérias benéficas à flora intestinal.

 

ECONOMIA SOLIDÁRIA

Na Metodista, o projeto de Rede de Gestão e Serviços para uma Comunidade Solidária já ajudou quatro empreendimentos do bairro Montanhão, em São Bernardo, a sair da informalidade. Realizado desde 2009, o trabalho visa o fortalecimento de iniciativas que já existem na comunidade, auxiliando o planejamento dos negócios.

"São 14 empreendimentos atendidos. Hoje as pessoas têm consciência de que a formalidade não é só pagar impostos. É benéfica para todos", afirma o professor da Faculdade de Gestão de Serviços da Metodista, Marco Bernardes.




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