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Pai de Mário aprova decisão do filho de não servir seleção
Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
03/10/2011 | 08:46
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Ex-feirante e atleta amador, Mário Pérsio Fernandes,o Bagué, 46 anos, pai do zagueiro Mário Fernandes, do Grêmio, aprova atitude do filho de não se apresentar para a decisão do Superclássico das Américas, diante da Argentina, em Belém (PA). Disse ainda que aconselha o jogador, formado no São Caetano, e não acredita que a ida do atleta a uma casa noturna seja o motivo da desconvocação.

Diário - Deu o que falar a não apresentação do Mário para a decisão do Superclássico das Américas. Ele alegou que vive bom momento no Grêmio e por isso preferiu ficar em Porto Alegre. O que o senhor pensa sobre a decisão dele?

Bagué - Respeito e aprovo. O Mário joga futebol porque gosta, não por dinheiro, status. Como pai, não importa o que ele fez, só quero que ele seja feliz com as escolhas dele. Se não estiver feliz, não vai render. Creio que ele não foi porque sabia que não ia jogar e preferiu se poupar daquela viagem longa (para Belém).

Diário - Ele teria ido a uma casa noturna, em Porto Alegre, poucas horas antes do voo para Belém. O senhor acredita nisso?

Bagué - Falam muitas coisas sem saber. Vida de jogador é muito estressante. O atleta é uma pessoa normal, como qualquer outra, que tem a necessidade de se divertir. Mas sempre dou conselhos a ele e ao Jô (Jonatas Fernandes, 19, atacante do Corinthians). Digo que se tiverem de sair, que o façam quando estiverem de folga no dia seguinte, porque se forem vistos as pessoas vão comentar. Tem de se preservar, senão vira telhado de vidro. Se estiverem numa padaria tomando leite vão falar que é batida de coco. É fácil colocar notícia mentirosa nos jornais. Quando vocês (Diário) nos procuraram no início da semana eu não quis falar, para que não ficasse a impressão de que queria aparecer. Vocês ao menos vieram saber nossa opinião. Tem jornal que escreve sem ouvir ninguém, só especula. Toco minha vida aqui na escolinha. Não quero que pensem que dependo dos meus filhos.

Diário - Como foi o encaminhamento do Mário para o futebol?

Bagué - Ele começou no futebol de salão e passou pela Seleção Paulista em 2007. Com sete anos já estava nas quadras. Ele e o Jô são destros. Achavam ruim, porque levava eles para treinar comigo e falava para chutarem repetidas vezes com o pé esquerdo. Futebol hoje é força e velocidade. Nem sempre dá para arrumar para o pé certo. Quem não tiver esses fundamentos fica para trás.

Diário - Por que fica a impressão de que o Brasil não revela mais grandes talentos como no passado?

Bagué - Porque importamos um sistema defensivo da Europa, os técnicos aqui vivem de resultado, enchem as equipes de marcadores e acabam podando o potencial daqueles que têm habilidade. Hoje se joga só com um meia e o resto é volante.

Diário - Como mudar isso?

Bagué - É preciso mudar o trabalho das bases. Os clubes ficaram reféns de empresários. Estão brincando com os sonhos de muitos meninos. Tem muitos garotos bons de bola por aí que sequer têm chance, porque não têm empresários que os coloquem em um clube. É preciso ter pessoas preparadas para trabalhar nas categorias de bases e acabar com estas taxas das peneiras, um verdadeiro caça-níquel.

Diário - Por que o senhor criou uma escolinha, a Bagué Show?

Bagué - Para dar a esses meninos oportunidade de mostrar se têm vocação. Os que têm a gente encaminha para os clubes. Quem não tem vocação, a gente fala com honestidade, para não enganar esses meninos. Tornei-me treinador por acaso. Fui feirante e atleta amador (no Saad). Uma vez o técnico do time do Mário faltou. Estava assistindo e me pediram para comandar o treino. Peguei gosto e não parei.




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