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Mutirão retira lixo da favela da Mangueira, no Rio
20/09/2011 | 18:46
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Um mutirão de limpeza teve início hoje na favela da Mangueira, zona norte do Rio, ocupada em 20 de junho pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

 

Cerca de 200 moradores que vivem nos antigos prédios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aos pés da comunidade, comemoraram a primeira remoção do lixo acumulado durante cerca de 10 anos, desde a invasão dos edifícios abandonados.

 

O lixo era tanto que tomava o térreo e saía pelo vão do elevador no segundo andar, em um dos prédios. São dois, um de cinco e o outro de 14 andares, e em ambos quase nada restou dos tempos de IBGE. Policiais do Bope e funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) precisaram da retroescavadeira e um caminhão para começar a remoção da sujeira, que só deve acabar amanhã. "É desumano, isso aqui sim é violência", disse um dos Pms.

 

A moradora mais antiga dos prédios, Ivanilde Araújo Machado, de 37 anos, uma espécie de síndica para os vizinhos, admitiu que parte da culpa pelo acúmulo de lixo é dos moradores, que jogavam tudo pelo vão do elevador.

 

"A gente relaxou, mesmo. Mas só porque, quando levávamos para o asfalto, ninguém recolhia", disse. O prédio, onde moram dezenas de crianças, não tem água encanada. Ninguém toma banho de chuveiro. A luz, segundo os moradores, é clandestina.

 

"A gente não tem dignidade. Não aguento mais. Um rato já mordeu o rosto da minha filha", disse Rita Cássia Santos, de 29 anos, mãe de três filhos, grávida de mais um. O mutirão de hoje foi organizado pelo Bope e contou com apoio da secretaria do Ambiente, que focou em ações de combate à dengue. "É uma forma de aproximar a polícia da comunidade. Quando falamos em coleta de lixo, falamos em dignidade", disse o sargento Max Coelho, do Bope.

 

A instalação da UPP da Mangueira estava prevista, inicialmente, para 45 dias, e depois adiada para outubro. Hoje, a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Segurança não quis confirmar a data. Os prédios, segundo a secretaria municipal de Habitação, serão transformados em um centro de cultura, entretenimento e educação.

 

"As famílias serão cadastradas e reassentadas pela secretaria", informou. Segundo a Comlurb, a coleta é feita diariamente na comunidade. A partir do mês que vem, um novo sistema de coleta será realizado duas vezes ao dia.




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