Os cerca de 40 mil brasileiros cujos pais tiveram no passado hanseníase - doença que era chamada de lepra -, e deles foram separados ao nascer, vão poder confirmar seus vínculos biológicos com supostos irmãos, pais e outros familiares não identificados.
Isso será possível graças à uma parceria do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) com o Instituto Nacional de Genética Médica Populacional (Inagemp). O programa será lançado hoje, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio.
A ideia é que o Morhan mapeie o histórico e os documentos de pessoas que já identificaram prováveis familiares no Brasil para que o exame genético comprove os laços de parentesco. O cadastro atual dos filhos de ex-pacientes com hanseníase ainda é tímido - hoje tem cerca de 10 mil pessoas.
As amostras de saliva serão coletadas em todo o País, preservadas em recipiente refrigerado e enviadas para o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde serão analisadas. Cada resultado deve demorar cerca de 15 dias e servirá de base para o pedido de indenização daqueles que não possuem nenhum documento que comprove que realmente são filhos de ex-pacientes e foram separados dos pais.
Histórico
Entre as décadas de 1920 e 1970, a legislação brasileira recomendava o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase, que eram mantidos em colônias. A lei ordenava que os filhos saudáveis desses pacientes que nascessem nas colônias fossem afastados da família. As crianças eram enviadas para educandários ou entregues para adoções irregulares e ficavam sem qualquer contato com sua família verdadeira.
Em 2007, o governo reconheceu que a política de isolamento foi um erro e, desde então, paga aos portadores da doença uma pensão vitalícia de R$ 750. Hoje, os filhos desses ex-pacientes também lutam para receber uma indenização do Estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
AE
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