Aos 13 anos, Marina Figueiredo queria uma bolsa de pano. Nada de encontrá-la em Ribeirão Pires. "Por que você não compra tecido e pede para sua avó ensiná-la a costurar", perguntou o pai. Foi o que ela fez. Aliás, com o material que sobrou, produziu outras tantas bolsas, que seguiram direto para a casa de amigas.

A partir daí, não abandonou mais as linhas, agulhas, fita métrica e tesoura. Fim da história? Nada. Esse é apenas o começo. Marina, hoje com 15 anos e no 2º ano do Ensino Médio, iniciou o curso de modelagem e passou a criar e confeccionar roupas. Transformou a lavanderia e o pequeno porão da casa em ateliê.

É lá que curte passar a maior parte do tempo, imaginando as peças que pode criar com os tecidos. "Minha mãe briga porque, às vezes, fico muito aqui e não faço o que tenho de fazer", diz. Mas não deve ser difícil perdoá-la. É só entrar no local para sentir um pouquinho do amor de Marina pela moda.

Paredes forradas por páginas de revistas, a maioria com imagens de modelos e grifes famosas. Caixotes de feira abrigam linhas coloridas. Num cantinho, o rádio e o CD de Elis Regina, companheiros que certamente fazem as horas passar ainda mais depressa. O recadinho da amiga, rabiscado na parede branca, também deve dar força: "Lute, siga seu sonho".

É isso que Marina faz com apoio da irmã Mariana, 19. A caçula tinha criado blog simples para divulgar o trabalho, quando a primogênita, estudante de Rádio e TV, pensou em algo diferente. Apaixonada por fotos, Mariana sugeriu organizarem produções de moda, com direito a modelo - prima e amigas -, maquiagem, cabelo e cenário, além das peças que Marina faz, é claro. Assim nasceu o Projeto Magenta.

O resultado - diga-se de passagem, de qualidade - é postado no www.projetomagenta.wordpress.com. Pelo endereço, também vendem as confecções. "Moda não é só a roupa. Com modelo, maquiagem e tudo, você consegue transmitir uma ideia. A imagem faz a diferença", afirma Mariana.
E não para aí. As meninas, que herdaram os talentos do avô fotógrafo de coração e da avó costureira, ainda criam vídeos, alguns em stop motion. "Quisemos fugir de postar só fotos de looks. Fazemos algo com nossa cara", diz Mariana.

Projeto para ser feliz

As referências para as criações de Marina são muitas. Na rua, observa pessoas comuns. Na web, vasculha tudo sobre moda. Quem a encontra em lojas com uma peça nas mãos não imagina que está mais interessada em descobrir como foi feita do que, propriamente, levá-la para casa.

Fato é que o Projeto Magenta começou a se espalhar pela internet. No Orkut, as irmãs fizeram dois perfis do projeto (o primeiro já lotou). Começaram, então, a ganhar clientes de outros Estados, como Paraíba, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. "Não tínhamos pretensão alguma. As coisas foram acontecendo aos poucos. A gente fica feliz", diz Mariana.

Marina também costura por encomenda. Já confeccionou roupas até para a mãe de amigas. Mas o que ela curte mesmo é inventar peças únicas e colocá-las no blog. "É muito legal sair na rua e ver as pessoas usando o que você fez", afirma.

Sonhos, as irmãs têm muitos. Com tão pouca idade, Marina quer ser reconhecida por fazer trabalho benfeito. E deixa claro não se tratar de fama. Já Mariana deseja se especializar em fotografia e direção de arte. Elas esperam unir as vontades individuais numa mesma empresa, em que ateliê, estúdio e escritório funcionarão no mesmo lugar. "A gente sempre fica falando sobre isso", revela Marina. Não importa onde as ideias apareçam; podem estar na rua, no quarto, na TV ou na web. Se há força de vontade e criatividade, não fica difícil conquistar o mundo.