Responsável pela articulação que culminou na dissolução do diretório do PMDB de Mauá, a deputada estadual Vanessa Damo conseguiu moldar o comando municipal da sigla a seu gosto. A comissão provisória, criada no dia 14 para ditar os rumos da legenda, é formada exclusivamente por pessoas com as quais a parlamentar nutre relacionamento estreito, inclusive familiar.
Encabeça o grupo o marido de Vanessa, José Carlos Orosco Júnior, presidente da comissão. Os outros quatro integrantes são Gilberto João de Oliveira, advogado da peemedebista; Paulo Roberto de Sousa, marido de Guiomar Doratiotto, tia da deputada; Wilson Rosinelli, empreiteiro, amigo da família Damo; e Janete Fátima Massagardi Damo, cunhada da parlamentar.
A composição é reprovada pelo presidente destituído do partido, Paulo Bio. "Não tem legitimidade moral", critica, ao rebater o argumento utilizado para a dissolução - Vanessa e Orosco basearam-se no fraco desempenho do partidos nas três últimas eleições municipais. "Essa é a renovação que queriam? O PMDB se tornou partido de uma família."
A deputada defende a formação da comissão e ressalta que um dos critérios para a escolha dos nomes foi justamente a proximidade. "São pessoas que não terão problemas em abrir mão de suas funções por um projeto político maior, quando um novo diretório for constituído."
Vanessa ironiza a declaração de Bio sobre a imoralidade da montagem do grupo. "É choro de quem estava apegado demais a projeto individual", rebate. "A executiva estadual do PMDB também é provisória, com pessoas do grupo do Baleia Rossi (presidente), e é legítima", compara.
Orosco também contra-ataca. Bate na tecla de que a intervenção da executiva estadual foi medida para reorganizar um partido que estava "falido", e chama o ex-mandatário de incoerente. "Ele tinha o diretório embaixo do braço, com funcionários de sua imobiliária", salienta. "Dá estas declarações porque depois que foi destituído não tem mais o que fazer. É a última lágrima que pode derramar."
Paulo Bio vai à Justiça para reaver diretório municipal
Em reunião com advogados na quinta-feira, Paulo Bio decidiu que não entrará com recurso contra a dissolução do diretório municipal à executiva nacional do PMDB, conforme o dito outrora. O ex-comandante da sigla apelará diretamente à Justiça, o que deverá ser feito em até dez dias.
Bio alega que não teve amplo direito à defesa, como o previsto no estatuto da legenda. A ação mostrará também possível irregularidade na nomeação de Orosco e de Paulo Roberto de Sousa para a formação da comissão provisória, já que a dupla não era filiada ao PMDB até 14 de junho.
Durante o processo de dissolução, Bio foi convidado por Vanessa e Orosco para ocupar a vice-presidência da comissão provisória. O convite foi recebido com ponta de menosprezo pelo ex-presidente, que milita na sigla há mais de duas décadas, enquanto que Vanessa está na legenda há menos de dois anos - curiosamente conduzida por Bio.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.