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Entrave barra conclusão de moradias em Mauá
Camila Galvez
31/05/2011 | 07:20
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O Condomínio Habitacional Jardim Kennedy, em Mauá, que começou a ser erguido em 2006 e deveria abrigar 64 famílias do bairro, não foi finalizado. A obra foi embargada em 2009, após o Tribunal de Contas do Estado constatar irregularidades no processo de licitação. Agora, entrave entre a Prefeitura e a Caixa Econômica Federal impede a continuidade da construção.

A Prefeitura garante ter regularizado a documentação do condomínio e encaminhado à Caixa, de quem aguarda parecer. A Caixa, por sua vez, afirma que a administração precisa readequar o projeto, pois a obra se tornou mais cara que o investimento previsto inicialmente, de cerca de R$ 2,2 milhões. O condomínio faz parte do programa Morar Melhor, com recursos do Orçamento Geral da União.

Enquanto isso, as mais de 700 famílias que recebem bolsa aluguel aguardam por um lar. Inacabados, os esqueletos de ao menos sete prédios foram ocupados por cerca de 40 famílias, que vivem em condições precárias. É a segunda invasão de unidades habitacionais registrada no bairro neste ano.

Ivone Santos Pereira, 32 anos, vive com os quatro filhos em um dos apartamentos há cerca de dois meses. Para as necessidades fisiológicas, baldes e sacos de plástico servem de vaso sanitário. "A geladeira virou enfeite, porque não tem energia", afirmou.

Valéria Pedra, 31, é vizinha de Ivone. Mora no terceiro andar do prédio que deveria ter cinco. Para chegar ao apartamento, improvisou uma escada de madeira. A de concreto não foi concluída. Por essa escada sobe também o aposentado João Teixeira de Oliveira, 69, operado do intestino, com pressão alta e gota. "Meu joelho dói tanto que tenho que descansar entre um degrau e outro."

 

ESCALADA

Para chegar ao quarto andar, é preciso escalar as paredes. As crianças sobem com facilidade, mas os adultos são cautelosos, para evitar uma queda. O quinto andar não é habitado, pois não tem teto.

De suas janelas, Ivone, Valéria e seu João veem a outra invasão do Jardim Kennedy. São 42 imóveis ocupados desde o início deste ano. As casas são alvo de reintegração de posse, que deve ocorrer até o dia 15 de junho.

Já o destino das que estão nos prédios é incerto. A Prefeitura entrou com pedido de reintegração de posse e aguarda decisão da Justiça.

 

Família invade unidade após ser removida de área de risco

 

O motorista Luiz Pereira, 46 anos, e sua mulher, Maria de Jesus Ferreira, 52, fazem parte das famílias que invadiram, há dois meses, as obras inacabadas do Condomínio Habitacional Jardim Kennedy, em Mauá. Eles vivem em uma das seis unidades que têm apenas dois andares.

De cima do morro onde os prédios estão localizados, eles veem a área onde ficava seu barraco, também no bairro. Há três anos, ele e a mulher foram removidos depois que o chão da casa de madeira afundou.

“Na época prometeram (Prefeitura) bolsa aluguel e disseram que a gente ganharia um apartamento aqui. O aluguel, pagaram só três meses, e os prédios nunca saíram.” A área de risco em que ele vivia foi ocupada por outros barracos.

Pereira sabe que, uma hora ou outra, precisará sair da unidade ocupada. “Não estou pedindo nada de graça. Quero pagar por um lugar digno para morar.”




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