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Samcil atrasa salários do Hospital Mauá
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
20/04/2011 | 07:30
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Orlando Filho/DGABC


Os funcionários do Hospital Mauá, pertencente ao grupo de Saúde Samcil, fizeram manifestação ontem em frente ao prédio da empresa exigindo o pagamento dos salários, atrasados desde o fechamento das portas do local no dia 7. Os cerca de 90 trabalhadores que prestavam serviços no hospital seguem sem saber sequer se serão demitidos nos próximos dias.

 

"Tivemos uma reunião na semana passada com a direção e marcamos encontro para hoje (ontem) para definir o futuro. Ele foi cancelado em cima da hora, por e-mail, e muitos trabalhadores deram com a cara na porta. Inconformados com a situação, fomos até a central da empresa, na Capital, e não fomos recebidos", reclama o presidente do SindSaúde ABC (Sindicato dos Trabalhadores do Setor Privado de Saúde do Grande ABC), Waldir Tadeu David.

 

São funcionários como a auxiliar de enfermagem Sandra Aparecida da Cruz, que trabalhou por dois anos e meio no hospital e agora não sabe nem se conseguirá a baixa na carteira de trabalho. "Lá na sede, em São Paulo, fomos recebidos pelo jurídico, que nos pediu para esperar até dia 2 para ver como fica a situação. Por enquanto estamos em férias coletivas, segundo os advogados", conta ela.

 

O presidente do sindicato argumenta que teme por problemas que possam ser enfrentados pelos funcionários caso a empresa alegue abandono de emprego por parte deles para diminuir os gastos da operadora. "Se eles fecham as portas, não dão baixa em carteira e os funcionários não aparecem para bater o ponto todo o dia, a empresa pode muito bem fazer isso. Por isso queríamos negociar", lembra David, que completa que na próxima semana o sindicato deve voltar a conversar com a direção.

 

HISTÓRICO - A operadora passa por severos problemas financeiros, com dívida avaliada em R$ 200 milhões. A situação piorou significativamente após a morte do fundador e presidente do grupo, Luiz Roberto Silveira Pinto, no início deste mês.

 

Passa ainda por direção fiscal - pente-fino para ver a situação das dívidas - da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e perdeu 90% da rede credenciada. E desde 2009 a carteira de clientes da empresa baixou de 710 mil para pouco mais de 264 mil, desses, 61 mil são moradores da região.

 

Além dos salários, benefícios como vale-transporte também estão atrasados. Já os servidores que seguem trabalhando contam que falta desde medicamentos até comida nos hospitais do grupo.

 

 

Grupo Amil está interessado em adquirir carteira de clientes

 

A empresa Ampla Saúde, pertencente ao grupo Amil, seria uma das operadoras de saúde mais interessadas em comprar a carteira de clientes do grupo Samcil. Apesar da empresa de Santo André ainda não ter anunciado oficialmente qualquer decisão que confirme o encerramento das atividades da rede, é cada vez maior o número de rumores que faltam poucos dias para que a medida seja oficializada.

 

Desde a morte do proprietário do plano de saúde, Luiz Roberto Silveira Pinto, a família nada falou sobre quem deve assumir o grupo ou se ele será vendido. Com o silêncio, aumentaram as informações de que a falência seria iminente.

 

"A situação só tem piorado. Não temos qualquer informação sobre salários ou mesmo se o grupo deve seguir funcionando. Estamos todos em pânico", conta um funcionário que presta serviços na Capital e prefere não se identificar.

 

Caso a carteira de clientes da Samcil seja oficialmente vendida para outra operadora, os consumidores poderão migrar para o novo plano sem qualquer tipo de carência, mas estarão sujeitos a cumprir os valores estipulados.

 

No entanto, se a operadora confirmar a falência sem vender os ativos, caberá à ANS abrir leilão da carteira de clientes para a empresa que oferecer o melhor valor, como aconteceu com o Di Thiene, plano atendido no Hospital São Caetano.

 

Quem estiver perto da data do aniversário de contrato do plano (época em que assinou o acordo), pode migrar para outra operadora sem qualquer problema.

 

Procurada, a Amil diz não ter informações sobre o assunto. Já a Samcil avisa que segue "executando o projeto de recuperação financeira" e que "a empresa está passando por transição de presidência e diretoria, devendo se manifestar assim que o processo transitório terminar.




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