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A legião do rei
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
19/04/2011 | 07:49
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Claudinei Plaza/DGABC


Vida de rei não é fácil, mas pior é a de súdito, principalmente quando se é daqueles capazes de se rasgar por sua realeza. Qualquer um dos fãs do cantor Roberto Carlos, que hoje completa 70 anos, sabe o quanto é difícil conquistar um afago do rei. São muitos os que tentam e poucos os que conseguem.

Maria Aparecida Santana Ribeiro, a Cida, 49 anos, de São Caetano, conseguiu acesso ao camarim de Roberto pela primeira vez em 2009. Nervosa, ao lado de amigas que já tinham conquistado um tête-à-tête com o rei, ela não sabia o que falar. "Me deu um misto de alegria e pavor, vontade de sair correndo. Todas abraçavam, beijavam ele e conversavam sobre algo. Quando foi minha hora, disse: ‘Roberto, é a minha primeira vez'. Ele, com uma risada irônica, respondeu: ‘Hum, é mesmo?'", conta.

A primeira vez que Cida viu um show do cantor foi em 1984. "Não pude, por conta do ciúmes do meu ex-marido, demonstrar meu amor pelo Roberto. Ganhei uma rosa dele, mas não pude ficar com ela."

Ao lado da amiga Maria Jospe Pastrelo, a Zezé, 60 anos, ela conseguiu mais uma vez entrar no camarim do rei no ano passado. A tática foi levar um presente que agradou Roberto, um quadro de cobre de crianças de várias etnias ao lado de Jesus. "No fim do show, quando ele cantou "Jesus Cristo", levantamos o quadro, que era pesado, para ele ver. Ele pediu para a produção nos levar para o camarim."

Roberto beijou uma rosa e entregou para Zezé. Na hora em que mirou outra no sentido de Cida, ela teve seus cabelos puxados e ficou sem o agrado. "Minha amiga me deu a rosa dela, mas eu falei que não queria, pois quando tivesse de receber, ganharia de maneira especial", completa Cida, que contou o caso ao cantor no camarim e recebeu uma flor das mãos do ídolo, conservada até hoje no congelador.

AMOR DAS ANTIGAS
Zezé adolesceu no período da Jovem Guarda, virou mulher e entendeu melhor as canções de amor de Roberto Carlos na mesma época em que o cantor amadureceu suas composições. "Corri atrás dele durante 40 anos, quando o vi frente a frente, o abracei tanto. Não tem uma música dele que eu não goste. Todos os dias penso nele e ouço suas canções", conta Zezé.

Entre os presentes que conquistaram Roberto, está um boneco vestido de marinheiro e um brasão da família Braga (sobrenome do cantor). "Já estamos pensando no deste ano."

COLECIONADOR
O pernambucano Adriano Thales Valdevino de Souza, 39 anos, talvez seja a pessoa com a maior quantidade de materiais sobre Roberto Carlos. "Uma vez ele falou para uma jornalista que eu o conhecia mais do que ele mesmo", diz.

O volume impressiona. Só de DVDs, tem mais de 300, alguns importados e outros com imagens raríssimas, que Souza não gosta de divulgar. Das revistas com o ídolo na capa, o número chega a 2.000.

A paixão de Souza pelo cantor tem um toque emocional que faz com que ele se sensibilize toda vez que relembra. Distanciado do pai, descobriu a canção "Meu Querido, Meu Velho e Meu Amigo", cujo disco até furou de tanto ouvir. "Então, quando meu pai ficou sabendo, me levou na loja e comprou uma coleção inteira de discos do Roberto para mim."

O primeiro encontro aconteceu à custa de um par de tênis, uma bicicleta - que ele teve de vender para ter dinheiro para o show - e espera. "Quando cheguei perto, desabei a chorar. Cada passo que eu dava para estar com ele me trazia uma lembrança do quanto foi difícil chegar ao seu lado", conta Souza, emendando: "Foi nesse instante que percebi que Roberto Carlos tem uma luz que irradia, contagia. Um cara que veio de família humilde, enfrentou décadas, mudanças, comportamentos e atitudes e ainda hoje está aqui e é Rei."




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