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Uno Sporting arroja no visual e peca na performance
Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
13/04/2011 | 14:08
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Tiago Silva/DGABC


Passear com o novo Fiat Uno pelas ruas do Grande ABC não chama mais a atenção. Ninguém aponta o dedo. Nenhum frentista puxa papo. Nem mesmo as crianças do carro ao lado sorriem. No entanto, a bordo da nova versão Sporting de cor laranja Nemo - avaliada pelo Diário -, tudo volta a ser como antes. Os holofotes se voltam novamente para o hatch quadrado de cantos arredondados.

E os olhares dos transeuntes são de aprovação. Durante os sete dias que rodamos com o Fiat, encontramos cinco modelos da versão Sporting, três da cor laranja. Sinal claro de que os tempos são outros. De que a chata ditadura do preto, prata, branco e cinza se depara com grupos resistentes. Pessoas que abrem mão de possível desvalorização na revenda em troca do simples prazer de ter um carro do jeito que gosta. "Mais vale um gosto, que um tostão no bolso", diriam os mais velhos.


Segundo a marca, a previsão é de que 5% dos Unos comercializados sejam Sporting. E do total desta versão, 10% devem ser laranja Nemo - número até pouco tempo inimaginável. Isso significa que, em março, das 23.137 unidades emplacadas - segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) -, 1.157 foram Sporting e 115 laranja Nemo.


Mas no asfalto, apesar do nome, o modelo não tem nada de esportivo. A começar pelo motor, que é o honesto, porém pouco vigoroso Evo 1.4 Flex de apenas 88 cv de potência a 5.750 rpm e torque de 12,5 mkgf a 3.500 rpm, quando abastecido com etanol. Sossegado demais para empurrar 955 quilos. E os números de desempenho provam que de Sporting mesmo, só o visual. Velocidade máxima: 172 km/h. Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,2 segundos.

Ponto positivo para a suspensão, que passou por ajustes e ganhou em rigidez. Nas curvas e frenagens, a carroceria inclina menos, causando menos desconforto e proporcionando maior sensação de segurança. Até ajuda a se divertir ao volante com uma condução mais arrojada.

Mas o ponto forte do Uno Sporting é o estilo. A começar pelas belas rodas de liga leve de 15 polegadas, calçadas com pneus 185/60 R15 de perfil mais fino.

A dianteira com conjunto óptico escurecido e as três entradas de ar sobre capô com contornos vermelhos tiram o ar de menino comportado do hatch. Os adesivos, em contrapartida, não combinam com a proposta do carro. Tem quem goste, mas não são todos. O bom é que tal apetrecho é opcional (R$ 187).

Internamente, o revestimento dos bancos é exclusivo, com a nomenclatura Sporting bordada nos encostos de cabeça que, negativamente, estão costurados no banco, numa intenção - nada feliz - de simular banco concha de competição.

Porém, com o Kit Exclusive, é possível dar um ar especial para o pequeno, com bancos e painéis das portas dianteiras revestidas com tecido laranja - além do volante de couro bicolor e tapetes com ‘Sporting' bordado.

Em termos de itens de série, pouco a oferecer. Destaque apenas para direção hidráulica, travas elétricas e vidros dianteiros elétricos. Ar-condicionado é opcional (Kit Creative - R$ 2.783), assim como air bag duplo + freios com ABS (Kit HSD - R$ 2.488). Falta até ar quente e desembaçador do vidro traseiro (R$ 348). Completinho, o Uno Sporting pode custar salgados R$ 40.294.

Uno encosta, mas não supera Gol

Com a chegada da versão Sporting e da opção duas portas, o Uno diminuiu ainda mais a vantagem do Gol, líder de vendas no Brasil.
EMDe acordo com números da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), em março foram emplacadas 24.494 unidades do hatch da Volks, contra 23.137 do Fiat - diferença de somente 1.357 carros.

Em fevereiro, quando se iniciaram as vendas da configuração duas portas, o Uno deu um susto no concorrente, vendendo 21.470, diante de 20.989 Gols - 521 unidades mais.

Mas no acumulado do ano, o Volkswagen ainda nada de braçada, com 68.542 emplacamentos, diante de 61.520 do Fiat - diferença de 7.022 unidades.

O terceiro veículo mais vendido neste primeiro trimestre do ano é o irmão do Gol, o Fox, com 36.458, seguido - nem tão de perto - por Celta (32.202) e Corsa Sedan + Classic (27.525), da Chevrolet.

No ano passado, o Volkswagen Gol levantou mais um troféu de carro mais vendido do ano, emplacando 393.783 unidades, frente a 229.323 do Uno - ampla vantagem de 64.560 carros.

Para este ano, no entanto, a vida do Gol promete ser muito mais complicada. A manutenção da liderança do hatchback dependerá, e muito, da estratégia da Volkswagen no decorrer do ano.

E uma coisa é certa, mais do que prosseguir como principal marca do País, a Fiat quer destronar o Gol do posto de mais vendido.




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