A Câmara de Mauá aprovou ontem, em primeira votação, a concessão de abono de R$ 200 mensais aos 5.800 servidores públicos municipais. O projeto, de autoria do Executivo, voltará à pauta em sessão extraordinária marcada para amanhã. A urgência é pedido do Sindserv (Sindicato dos Servidores) de Mauá, que, mesmo com a gratificação sendo retroativa ao dia 1º, temia faltar tempo para que a verba constasse na folha de pagamento deste mês.

Além do abono, parte do funcionalismo terá aumento no vale-compra, que passará de R$ 44 para R$ 70 aos cerca de 3.000 profissionais da Prefeitura e da Câmara cujos vencimentos atingem, no máximo, o valor correspondente a dois pisos da categoria (R$ 1.666). Este benefício não precisa passar pelo Legislativo, e será concedido por decreto assinado pelo prefeito, Oswaldo Dias (PT), até sexta-feira.

Esta é a primeira vez que a administração petista oferece alguma gratificação aos funcionários desde que Oswaldo retornou ao Paço, no início de 2009. Até então, a classe ficou privada até mesmo de receber reajuste salarial referente à inflação.

Se avalizado em definitivo pelos vereadores, o abono acarretará gastos de R$ 1,160 milhão por mês ao governo. Somado ao valor referente ao aumento do vale-compra, a quantia sobe para R$ 1,238 milhão mensal, R$ 14,8 milhões anuais.

Para abrir o cofre ao funcionalismo, Oswaldo terá de reprogramar os investimentos na cidade, que já estavam prejudicados pela dívida de R$ 1,2 bilhão da Prefeitura - amortizar o débito é prioridade do governo. "Ele sempre nos disse que não seria possível conceder reajuste porque a cidade está endividada. Mas o servidor não tem culpa disso", lembrou o presidente do Sindserv, Josemar Alves Lobo.

Apesar de a votação do abono ter ocorrido de forma tranquila, o vereador Atila Jacomussi (PV) alardeou durante a sessão mais um inconformismo com a gestão petista. Isso porque, pela manhã, Oswaldo autorizou o reajuste no convênio médico do funcionalismo.

Desta forma, os descontos pela prestação dos serviços da Saúde Medicol passarão de R$ 77 para R$ 98 no plano familiar e de R$ 180 para R$ 216 no plano familiar plus. "Ele dá o abono com uma mão e tira com a outra. É o prefeito da mentira", esbravejou o verde.

Jesomar contemporizou. "Tudo o que vem para tirar do trabalhador é desconfortável. Mas por um plano familiar, considero razoável. Se fosse individual, era outra conversa."

Brad Pitt - Em outro ataque ao governo, Atila comparou Oswaldo Dias ao ator norte-americano Brad Pitt. A situação inusitada foi em decorrência de projeto do Executivo, aprovado em definitivo pela Câmara, que visa regularizar as construções clandestinas, que nas contas do parlamentar atingem 58% das moradias de Mauá.

Mas, para ter o imóvel regularizado, o proprietário terá de assumir encargos. Para um terreno de 250 m², por exemplo, o valor varia entre R$ 300 e R$ 400. "O prefeito deveria ser o protagonista do filme Tróia. Deu presente de grego à população", comparou o verde.