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Santo André deixa
motorista à própria sorte
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
16/03/2011 | 07:38
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Congestionamentos, pista com buracos, falta de sinalização, carros quebrados, veículos estacionados e retrovisores destruídos. Isso é o que SE vê diariamente na Avenida dos Estados, no perímetro de Santo André. No engarrafamento de todo dia, porém, o que não se vê é ação da administração municipal para, ao menos, minimizar o transtorno de quem paga impostos e é obrigado a usar a via. Ou seja, colocar fiscais de trânsito para orientar os motoristas - os chamados marronzinhos só aparecem em ruas e vielas para multar. E, antes de elaborar qualquer projeto de recuperação da Avenida dos Estados, a Prefeitura cedeu três faixas para o Polo Petroquímico instalar dutos para água de reúso - o programa Aquapolo.

A equipe do Diário levou mais de uma hora, ontem pela manhã, para percorrer 9,5 quilômetros. Sem trânsito, o tempo seria de 15 minutos.

Às 6h de ontem, na divisa São Caetano/São Paulo, apenas alguns poucos carros seguiam no sentido Mauá. Na pista inversa, a fila de veículos se estendia tal como engarrafamentos nas principais marginais da Capital. É o reflexo da falta de engenharia de tráfego e manutenção de pontes, viadutos e alças de acesso à Avenida dos Estados em Santo André, como já apontaram especialistas. "Guardem as fotos, para lembrança de quando Santo André parou", gritou o motorista de vaN escola José Carlos, 62 anos, ao ver a reportágem. Apesar da brincadeira, ele demonstrou estar irritado com o Viaduto Cassaquera, onde demora 40 minutos para atravessar todos os dias.

Na avenida, a velocidade limite é 70 km/h. Mas, após a altura do bairro Prosperidade, no limite com Santo André, o motorista é obrigado a reduzir drasticamente a aceleração. O asfalto está cheio de remendos e ondulações, carros e caminhões fazem de estacionamento a pista de baixa velocidade, à direita.

Os semáforos atuam contra os condutores que tentam chegar a tempo no trabalho ou deixar os filhos nas escolas. "É um transtorno que parece que não acaba: todo mundo buzinando e brigando, e várias vezes acontecem pequenas batidas. Os agentes de trânsito só servem para multar. Se a gente estaciona para que os filhos desembarquem, os amarelinhos já multam", disse Simone Andrea Oliveira, 34. Para ela, a ausência de engenharia de tráfego atrapalha sobretudo na região da Estação Prefeito Saladino, próximo ao Sesi (Serviço Social da Indústria).

Mais à frente, os dois sentidos da Avenida dos Estados são prejudicados pelo atraso nos reparos do Viaduto Adib Chammas. Por conta das obras, os demais viadutos ficam congestionados e não adianta tentar as ruas de intersecção. O tráfego trava qualquer movimento em ambos os lados. "O jeito é ir na esperteza e ultrapassar todos os que estão mais lentos", brinca um motorista de ônibus.

 

MEA CULPA

A Prefeitura esclareceu que o volume de carros na Avenida dos Estados é decorrente da interdição do Viaduto Adib Chammas, e que possui 30 agentes monitorando os pontos de fluxo mais intensos na via.

 

Pedestres é que empurram carro quebrado

 

O anda e para na Avenida dos Estados em horários de fluxo intenso danifica a parte mecânica dos veículos. E também pode gerar muita dor de cabeça, caso a Prefeitura de Santo André não tome medidas urgentes.

Na manhã de ontem, a nutricionista Suzigley do Nascimento Santiago, 36 anos, precisou da ajuda de pedestres para empurrar o carro, que quebrou próximo ao Viaduto Adib Chammas. Ela mora na Zona Leste da Capital e trabalha no Centro andreense. "Parece que o prefeito (Aidan Ravin) iniciou essas obras de propósito. Já não basta o trânsito perto do Polo Petroquímico", criticou a nutricionista, que se referiu às obras do Aquapolo e manutenções do viaduto.

Por conta do problema no carro, atraso para chegar no trabalho foi o menor dos problemas. "O guincho ligou dizendo que está preso no trânsito. Poxa, assim não dá para dirigir nessa cidade", falou.

No sentido contrário ao que trafegava Suzigley, uma fila de longos caminhões estava parada sobre uma das faixas da Avenida dos Estados. Os poucos fiscais que direcionavam o trânsito para fora do canteiro de obras do viaduto não se importaram com os estacionamentos irregulares. Mais uma vez, o condutor teve de arcar com as consequências da ausência do poder público municipal.

"Vai chegar uma hora que o trânsito não vai andar. Isso é demais, estou cansado de chegar atrasado nos lugares", também queixou-se o comerciante Antônio Motta, 54.

 

Pista do Adib Chammas continua fechada

 

A pista sentido bairro-Centro do Viaduto Adib Chammas, principal eixo de ligação entre o 2º Subdistrito e a região central de Santo André, continua fechado e sem previsão de reabertura. O atraso nas obras, segundo a administração, é em função do tempo úmido, situação que impede a colocação de uma espécie de cola nas juntas de dilatação que foram reparadas.

Ainda de acordo com a Prefeitura, as obras da pista sentido bairro/Centro estão praticamente prontas. Os serviços de concretagem das juntas de dilatação estão concluídos. Assim, o motorista deve contar com a ajuda de São Pedro para que a municipalidade consiga concluir os reparos.

Além disso, os serviços na pista sentido Centro-bairro estão previstos para começar assim que a pista contrária for liberada, o que também não existe prazo,

E, mesmo assim, a intenção da Sosp (Secretaria de Obras e Serviços Públicos) é entregar o viaduto totalmente reformado até o fim deste mês.




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