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A luta incansável pela
adoção tardia
Henrique Munhos
Especial para o Diário
15/03/2011 | 07:31
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Muitos pais que desejam adotar uma criança não sabem por onde começar. Além dos requisitos burocráticos, é necessário saber se família tem condições físicas e emocionais para abrigar o filho; em outros casos, o que falta mesmo é o incentivo.

O Geaa-SBC (Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de São Bernardo) dedica-se ao trabalho de orientação há 12 anos e conquistou a aprovação de pais e o elogio das autoridades. "O Geaa-SBC realiza um trabalho muito significativo. Caso eles não existissem, os processos de adoção seriam mais complicados e demorados", afirmou o juiz da Infância e Juventude de São Bernardo, Luiz Carlos Ditommaso.

"Eles ajudam em tudo e explicam realmente o que é a adoção. Funcionaria até para pais de filhos naturais", sustentou a gráfica Rita de Cássia Frias, 49, mãe de um filho adotivo e com processo em andamento para outra adoção.

A idade foi o fator que impediu Rita e seu marido, Antonio João Frias, 48, de terem filhos biológicos. "Casei com 33 anos, e já era tarde para ser mãe." Com 40 anos, ela adotou seu primeiro filho, que foi um menino recém-nascido.

A escolha de Rita é comum à maioria dos pais que procuram adotar uma criança. Bebês são os mais procurados, o que dificulta o trabalho. "Quase todos os pais procuram recém-nascidos. Equivocadamente, acreditam que estes serão mais dóceis e terão melhor comportamento", explicou a coordenadora do Geaa, Marta Yamaoka.

Com isso, crianças com mais de 7 anos e os grupos de irmãos ficam têm muita dificuldade de encontrar uma nova família. "Quanto mais restrita for a busca, mais tempo vai demorar o processo de adoção. Não é uma indústria de produção. Nossa luta é e sempre foi pela adoção tardia", declarou o juiz Ditommaso.

 

SÓCIO

Quem quiser ajudar a entidade pode se tornar um sócio da instituição, e pagar mensalidade de R$ 10 mensais. Contribuições de valores maiores também são aceitas. Segundo a coordenadora, a associação é mantida por cerca de 20 pessoas. "Não temos tantos encargos, já que não abrigamos crianças", contou Marta.

A organização trabalha com sete abrigos do município, que cuidam de crianças e jovens de até 18 anos. De acordo com Marta, 160 processos de cadastro estão em andamento na cidade.

Todo mês, a entidade organiza eventos e grupos de discussão. "Ver crianças que estão adotadas há mais de dez anos e saber que elas foram acolhidas e se desenvolveram é o que nos dá mais alegria", completou a coordenadora do instituto.

 

Casal mudou de ideia e adotou menino de 4 anos

 

O casal de contabilistas Karla Cristina Rodrigues de Oliveira, 41, e Evandro Ribeiro de Oliveira, 39, sempre conversou sobre adoção. Depois de casados e com problema de infertilidade, buscaram orientação do Geaa-SBC para ter um filho.

No início, a busca era por um recém-nascido. "Eles me mostraram que não existe essa necessidade. Problemas podem ocorrer com qualquer idade. Abriram nossa cabeça e então adotamos nosso primeiro filho", declarou Karla.

A contabilista refere-se ao menino de 4 anos, que hoje está com 12. "Conhecemos nosso filho em uma festa de confraternização do grupo, e logo percebemos que era a criança certa. Não tem como explicar. Foi amor à primeira vista", relembrou a mãe.

Logo que chegou à nova família, o garoto era muito calado por conta de traumas vividos antes de chegar ao abrigo. Mas não demorou para que o relacionamento entre os pais e criança fosse estabilizado. "Foi tudo muito rápido e natural. Acredito que o amor da família e dos amigos fiz com que ele se soltasse rapidamente," afirmou Karla.

Após ganhar a confiança do filho, o casal se cadastrou para a segunda adoção. Desta vez, uma menina recém-nascida. "Queríamos uma diferença de idade de um filho para o outro", explicou.

 

Família cresceu com a chegada de cinco filhos adotivos

 

O engenheiro Richard Cotrufo e a dona de casa Neide de Souza Lima Cotrufo passaram 15 anos casados e nunca pensaram em ter filhos. Quando ambos tinham 38, decidiram que era o momento de adotar uma criança. Hoje, o casal tem cinco filhos adotivos. Todos com a ajuda do Geaa-SBC. "Minha vontade era de ter dez. Mas ai não conseguiria criar", brincou Neide.

O primeiro pedido era por uma menina de até 2 anos de idade. Quando conseguiram, o casal percebeu que a criança tinha um irmão um ano mais velho. "Ficamos com ela e já entramos com um pedido para ficar com o irmão também, que foi nos cedido posteriormente", contou a mãe.

Depois, Neide e Richard descobriram mais um casal e quiseram adotá-los. Os encontros da entidade foram fundamentais para a última adoção. "Vi uma menina em um encontro da associação e me encantei", disse a dona de casa.

A menina mais nova hoje tem 10 anos. A diferença é pequena entre os filhos, já que os outros têm 12, 13, 14 e 15. "Nunca planejei nada. Foi acontecendo." Neide também explicou que todos sabem que são filhos adotivos e inclusive acompanham a dona de casa nos encontros organizados pelo Geaa-SBC. "Tive algumas dificuldades, mas sempre foram contornadas. Todos também quiseram saber dos pais biológicos, mas nunca me deram problema."




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