Aos 45 minutos do segundo tempo, a Prefeitura de Diadema resolveu que os desfiles das escolas de samba dos Grupos 1 e 2 deveriam ser realizados em apenas uma noite, impondo verdadeira maratona carnavalesca de, no mínimo, dez horas. Os sambistas não gostaram. O presidente da Lied (Liga Independente das Escolas de Samba), Carlos Lima, enviou carta de repúdio à imprensa, indignado porque a Prefeitura não cumprira o que havia sido combinado previamente.

A administração informou da mudança no dia 2 de fevereiro - pouco mais de um mês antes do desfile -, em reunião com os representantes das escolas. Segundo a Prefeitura, "isto permitirá, ainda, que o investimento disponível pela Prefeitura para a realização do desfile seja otimizado e compatível com o número apresentado de agremiações."

Todas as escolas foram pegas de surpresa. A Unidos de Vila Nogueira, por exemplo, com enredo que retrata a natureza, acha que vai sair perdendo no quesito fantasia. "Nosso Carnaval foi feito com muito brilho. Se a gente sair com o sol raiando, vai perder muito o impacto visual na avenida", lamentou a aderecista Cláudia Silvia dos Santos.

À frente da Unidos de Vila Alice há 33 anos, Rock Lame passou a faixa da presidência no ano passado para a até então porta-bandeira Valéria Ventura - que, quando chega o Carnaval, praticamente muda para o barracão da escola. "Não é justo com as crianças e idosos da comunidade", opinou Lame, um dos fundadores da agremiação mais antiga da cidade. Neste ano, a Vila Alice fala dos movimentos da luta sindical.

O intérprete da Unidos de Serraria, Wiliam Rocha, 27 anos, acredita que pode dar certo, se for organizado. "Em São Paulo desfila mais ou menos esse número de escolas de uma vez e dá tudo certo, por que aqui não pode dar?", questionou o puxador do samba-enredo sobre a Amazônia.

A Unidos de Serraria é a escola de Diadema com o maior número de títulos e vai desfilar com cerca de 300 integrantes, todos da comunidade.

Em 2010 não houve competição, mas neste ano as escolas voltam a brigar pelo título.

Veterana do Carnaval da cidade busca o título

A escola mais antiga de Diadema quer alcançar o título no Carnaval 2011. Depois de um desfile sem motivação no ano passado, a Unidos de Vila Alice quer voltar a brilhar na avenida.

Em seu primeiro ano frente à presidência da escola, Valéria Fragatti Ventura está animada. "Tenho trabalhado 15, 16 horas por dia", comentou. "É muita paixão. Quando eu chego o Carnaval eu largo tudo e todos."

Antigo líder de direito, mas ainda presidente de honra da escola, Rock Lame, está confiante. "Nós temos um público muito fiel. Tenho certeza que tem muita gente que vai ao sambódromo só para ver a gente desfilar."

Simpático, o atual diretor de Harmonia relacionou também os problemas que a escola vem enfrentando. "É difícil trabalhar sem um barracão decente e com o pouco auxílio público que temos. A subvenção sai sempre de última hora e acabamos tendo pouco tempo hábil para trabalhar."

Com pouco dinheiro, escolas do Grupo 2 trabalham no limite

Ainda menos amparadas, as escolas do Grupo 2 estão fazendo o que podem com a subvenção de R$ 17,7 mil da Prefeitura para cada uma.

Há quem consiga arrecadar algum dinheiro a mais com doações da comunidade, como a Estopim da Fiel Torcida. Os dirigentes da escola conseguiram vender camisetas na sede da agremiação, próxima ao Centro de Diadema. "Nosso Carnaval está orçado em cerca de R$ 20 mil", contabilizou o vice-presidente Fábio Okocha. A escola caiu para o Grupo 2 em 2009. "Contratamos uma pessoa para confeccionar as fantasias e ele só entregou metade." Hoje, a escola traz o enredo Vicente Matheus, uma história escrita em preto e branco. Serão cerca de 250 integrantes.

O carro alegórico vem representando a pedreira que o falecido presidente do Corinthians tinha. A comissão de frente retrata a vinda da família do espanhol ao Brasil. Segundo Okocha, a viúva de Matheus, Marlene, confirmou presença no desfile.