Automóveis Titulo
Duelo de gerações
Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
16/02/2011 | 07:26
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Com decepcionantes 6.545 emplacamentos em 2010, o Stilo finalmente vai saindo de cena. Convenhamos, já passou da hora. Consciente da necessidade de oferecer algo moderno no acirrado segmento dos hatches médios para, no mínimo, triplicar as vendas, a Fiat traz, com atraso de pelo menos dois anos, o Bravo.

Armado com design moderno de forte sotaque italiano e motor atual (1.8 16V E.TorQ) que fala português, o modelo chega com boas referências. No entanto, só isso não basta diante da forte concorrência. Por isso resolvemos comprovar a valentia do Bravo diante do veteraníssimo Volkswagen Golf, que faz hora extra por aqui com sua reestilizada quarta geração - na Europa, por exemplo, já se fala em sétima geração. Optamos por um duelo sem embreagem, colocando frente a frente o automatizado Bravo Essence Dualogic 1.8 16V Flex e o automático Golf Tiptronic 2.0 Total Flex.

CUSTO-BENEFÍCIO - A diferença de preço entre os dois é de apenas R$ 40. Enquanto o Volks custa R$ 58.050, o Fiat parte de R$ 58.090. No entanto, quando analisamos os itens de série, as diferenças tornam-se mais evidentes e saltam aos olhos.

Ambos saem de fábrica com o mínimo necessário para o que valem: direção hidráulica, ar-condicionado, travas e vidros elétricos, computador de bordo e rádio CD player. A lista de mimos da Fiat, porém, é maior, com duplo air bag frontal, controlador de velocidade, faróis de neblina e rodas de liga leve de 16 polegadas - no Golf são de 15 polegadas.

Para ter freios com ABS e air bag duplo, aquele que sonha com o Volks terá que pagar R$ 2.150 a mais. Para o Fiat, o ABS custa R$ 795. Bancos revestidos em couro e teto solar são opcionais nos dois, mas para o Golf ambos os itens são muito mais em conta (confira no quadro de equipamentos).

DESEMPENHO - Assim como o visual, a saúde do Golf dá sinais de cansaço. As rugas são aparentes. Apesar de a capacidade volumétrica ser maior, o 2.0 Total Flex com oito válvulas da Volkswagen é menos potente que o moderno 1.8 16V E.TorQ da Fiat - estamos falando de diferença de 12 cv, quando abastecidos com etanol.

Em termos de torque, os dois até se equivalem. O Golf é 0,5 mkgf mais fraco, mas entrega força total já a 2.250 rpm, enquanto o vigor máximo do Bravo ocorre a 4.500 rpm. O Volks também leva vantagem por ser mais leve.

Mas a superioridade do veterano fabricado em São José dos Pinhais (PR) torna-se gritante quando avaliamos as transmissões. A caixa automática Tiptronic de seis velocidades é muito superior à automatizada Dualogic de cinco marchas do Bravo. Tem funcionamento mais linear, previsível e os engates das marchas são suaves. Existe harmonia no funcionamento do câmbio e do propulsor.

O argumento de a transmissão automatizada ser mais barata que a automática é válido, mas seu funcionamento ainda traz muitas ressalvas. O raciocínio do Dualogic é lento. Certas horas não entende de cara qual é a marcha ideal para determinadas situações. Além disso, as trocas são lentas e os solavancos incomodam bastante.

ESPAÇO E CONFORTO - O Bravo é mais espaçoso. Maior em 13 centímetros, tem 9 centímetros a mais de distância entre os eixos. Também é mais alto e largo. O porta-malas, por sua vez, é 70 litros superior. No entanto, os dois tratam bem o motorista, oferecendo ajustes de altura e profundidade do volante e altura do banco.

O acabamento do Golf é bom. Segue a sobriedade da marca alemã. O Fiat também tem interior de qualidade. Assim como o rival, usa peças de boa qualidade - sem rebarbas - e de encaixes precisos. O layout do Bravo, porém, é mais atual. Todos os comandos e leitores - velocímetro e conta-giros - têm grafismos modernos e leitura fácil. O Golf carrega o mesmo painel há anos. É preciso mudar.

VEREDICTO - Melhor custo-benefício, visual atual - assim como o motor E.TorQ - e maior espaço interno garantem ao Bravo a vitória. No entanto, a medalha de ouro traz importante ressalva: o câmbio automatizado Dualogic e seu funcionamento desconfortável - para não ser deselegante. O Golf continua com excelente dirigibilidade, mas a idade pede atualização. E mais uma aplicação de ‘botox' não vai funcionar. É preciso mudar por completo.




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