Automóveis Titulo
Anos dourados
Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
09/02/2011 | 07:18
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Andréa Iseki/DGABC


Estados Unidos, década de 1950. Os anos dourados brilham nos olhos da juventude rebelde que anseia por mudanças aos acordes de um tal de rock'n roll. Elvis Presley explode nas rádios. E Martin Luther King mostra que o sonho americano é direito de todos, brancos e negros. Na indústria automobilística, Detroit ferve. Os grandes carros, sem limites ou regras, ganham as garagens, ruas e estradas. Desfilam requinte. Exalam luxo.

Hoje, mais de 60 anos após a efervescência simbolizada pelas atitudes de James Dean, o que restou são memórias. Muitas delas no porta-malas gigantesco e motor seis cilindros do Chevrolet Bel Air 1956 de propriedade dos irmãos engenheiros civis Mauro José Guazzelli, 57 anos, e Marco Antonio Guazzelli, 51, moradores do Grande ABC. "Temos este carro há exatos 36 anos", lembra com orgulho o caçula.

Como 99,9% das histórias envolvendo clássicos do passado, o acaso é o toque especial. Apaixonados pelo modelo que nos Estados Unidos revelava sucesso no início de sua produção (1950), mas que se aposentou à sombra do Impala (1975), longe do glamour de outrora, ambos chegaram à conclusão de que queriam um Bel Air igual ao que o pai teve um dia. "Fomos encontrá-lo em Mogi das Cruzes (SP). Ele pertencia a um senhor que tinha também uma Rural e um Impala, mas somente uma vaga na garagem", diz Marco.

Claro que a dupla Guazzelli se apaixonou pelo ‘bólido' de linhas únicas, medidas generosas, detalhes peculiares e muitos, muitos cromados. "Fiquei tomando cafezinho na casa desse senhor durante um ano até convencê-lo a nos vender o carro", sorri Mauro. "Na época, era 1975, pagamos 9.000 de alguma coisa. Não lembro qual era a moeda", completa o irmão. Na década de 1970, tal quantia - 9.000 cruzeiros - não era pouco. O suficiente para adquirir um Galaxie ou mesmo um Dodge topo de linha.

O Bel Air estava bem, mas não impecável. Por isso, em 1978, passou pelo primeiro banho de tinta. Os anos se passaram e o tempo, inimigo algumas vezes, deixou o Chevrolet envelhecido, com rugas. Então os dois, que admitem terem vivido boas aventuras com o companheiro, decidiram restaurá-lo completamente. "Foram necessários aproximadamente cinco anos para ficar pronto", revela Marco. "Durante o processo, paciência é fundamental. A tapeçaria, por exemplo, demorou nove meses para ficar pronta. Para chegar a máquina do vidro traseiro foram dois anos e meio de espera", completa Mauro.

A mecânica também foi toda refeita: propulsor (seis cilindros) e transmissão manual de três velocidades na coluna de direção. "Quase toda a restauração foi realizada no Grande ABC", explica Marco, exaltando o trabalho da Garagem 55, em Mauá. A placa preta foi obtida sem dificuldades, com 92% de originalidade - honraria mais que merecida tamanho o estado de conservação do Bel Air. Realmente impressiona...

Atualmente, o clássico é companheiro de passeios de Marco, Mauro e o restante da família Guazzelli. Fica guardado e, às vezes, sai para conduzir noivas à igreja. Está em plena forma e já rodou mais de 3.000 quilômetros pelo Brasil, especialmente no Grande ABC e interior. Definitivamente, esse Bel Air deixaria Elvis, Martin e James orgulhosos dos anos dourados.




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