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Moradores do morro do
Macuco estão sozinhos
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
30/01/2011 | 07:30
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O vereador Manoel Lopes (DEM), um dos maiores críticos das administrações petistas em Mauá, disse ontem que o Legislativo não pode intervir na situação do morro do Macuco, no Jardim Zaíra, onde quatro pessoas já morreram neste início de ano vítimas de deslizamentos de terra.

"Isso, por causa de uma ação judicial, uma vez que o Oswaldo (Dias, prefeito)levou o caso para a Justiça. Não adianta buscar recursos, por exemplo, no governo federal, até que o processo seja resolvido", afirma.

O vereador foi um dos articuladores do encontro que reuniu a família Sadek, dona da área onde fica o Zaíra 6 e o Macuco, e a administração, à época comandada por Oswaldo, em 1997, para discutir meios de regularizar a área. Do encontro surgiu um acordo que visava transformar o terreno do Zaíra 6 e morro do Macuco em áreas de interesse social.

O espaço seria dividido em lotes de até 125 m². Cada família pagaria um valor social. A família Sadek seria responsável pela instalação de guias e tubulução para águas pluviais. Em 1998, a Câmara aprovou a lei que permitia o loteamento do Zaíra.

"A lei previa um terreno reservado para retirar os moradores da área de risco e remanejá-los para esse outro espaço" , disse Manoel Lopes. Para ele, o acordo não deu certo por dois motivos: "A população não acreditou na família quando disse para os moradores da área para aonde iriam. Além disso, a Prefeitura não fiscalizou e, por isso, não houve investimento."

Na visão de Lopes, para solucionar o problema, a administração e a família Sadek deveriam formlizar novo acordo. "A administração podia negociar a dívida de impostos pela área. Assim poderíamos intervir."

 

ÁREA DE RISCO
Algumas famílias que tiveram suas residências interditadas pela Defesa Civil no morro do Macuco ainda estão nos imóveis. Uma delas é a do aposentado José Barbosa de Souza, 89 anos, há 28 morador da Rua Lourival Portal da Silva, que teve sua casa invadida por terra. "Retirei tudo e coloquei na rua, mas a Defesa Civil falou que não dá para ficar. Ainda não consegui arrumar outra casa, porque recebo salário mínimo como aposentado e o auxílio da Prefeitura é de apenas R$ 300", explica.

A moradia da dona de casa Maria do Carmo Saraiva Pereira, 59, foi interditada pela segunda vez. "Ano passado, a Defesa Civil interditou, mas não tinha para onde ir. Neste ano, o barranco desabou e derrubou a parede de madeira da minha casa. Não teve jeito, agora estou morando na casa do meu filho, aqui mesmo no Macuco."

A família de Ieda Aparecida Gonçalves, 41, estava mudando ontem. "Consegui uma casa no Jardim Mauá e não vou ficar aqui, colocando a vida dos meus filhos em risco. Não dá para sair correndo com a família e descer todos esses degraus quando começar a chover. Afinal, as autoridades só aparecem quando acontece alguma coisa."

 

 

Doações chegam às famílias do bairro

Mesmo vivendo uma situação difícil, os moradores do morro do Macuco, no Jardim Zaíra, contam com a solidariedade das pessoas. Na manhã e início da tarde de ontem, famílias transitavam pelas ruas com doações para famílias da área.

A dona de casa Aline Cristina Silvério, 18 anos, comemorava a chegada da ajuda. "Perdi minha casa e tudo o mais, mas gaças a Deus não estava em casa. Toda a ajuda é sempre bem-vinda. Ainda mais porque estou grávida e tenho um filho de 1 ano e quatro meses. Roupas, fraldas e alimentos é sempre bom", explica.

A dona de casa Lúcia Saboia, 59, estava feliz por ter conseguido doações para a filha. "A minha casa e a dela se foram com as chuvas. Então, as doações sempre ajudam nesse momento díficil", comenta. A outra filha, Daína Deniz Saboia Martins, 33, diz que sempre vê doações por ali, e que isso mostra a solidariedade.

 

DOADORES
Sejam moradores, empresas ou igrejas, muitos têm colaborado com as famílias vítimas das chuvas deste ano no Jardim Zaíra. Cerca de 15 igrejas Batistas de São Paulo arrecadaram doações e, durante a semana, entregaram aos moradores.

"Foram 15 dias de campanha e cerca de 16 toneladas de arreacadações. Foi feito um cadastro no Macuco com pelo menos 75 famílias que vão receber roupas, alimentos, produtos de limpeza e higiene", explica o advogado Arnaldo Júnior, 55, da 1ª Igreja Batista de Mauá.




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