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Descubra toda a polêmica que envolve o WikiLeaks
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
30/01/2011 | 07:04
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Você já deve ter ouvido falar no Wikileaks, organização que divulga na web informações sigilosas de governos e empresas. Apesar de existir desde 2006, virou foco da atenção mundial em 2010, quando lançou em seu site pacotes com milhares de documentos secretos norte-americanos.

Desde então, o Wikileaks e seu fundador, o australiano Julian Assange, tornaram-se inimigos dos governantes de inúmeros países. Nas últimas semanas, causou nova polêmica ao mostrar detalhes sobre as negociações de paz entre Israel e Palestina. Ambos estão em conflito pelo mesmo território desde o fim do século 19.

Conforme o conteúdo, palestinos ofereceram praticamente todo o controle de Jerusalém aos israelenses que, mesmo em vantagem, não teriam aceitado. O negociador-chefe palestino afirma que os dados são falsos.

No entanto, o Hamas (grupo armado palestino considerado terrorista por muitas nações) acusa a Autoridade Palestina de entregar a região - pela qual lutam - para Israel. Para se ter noção da gravidade do problema, todos os esforços feitos durante anos para acabar com a guerra no Oriente Médio podem ter sido em vão.

TEM LIMITE?

O Wikileaks ganhou diversos prêmios justamente por divulgar informações secretas, como os documentos que revelavam a política de extermínio no Quênia. Muitos especialistas dizem até mesmo que a organização está mudando o jornalismo e o formato das notícias.

Entretanto, o trabalho levanta muitas discussões. Uma das principais é se todos os arquivos confidenciais devem mesmo ser publicados. Na opinião de Gunther Rudzit, coordenador do curso de Relações Internacionais da Faap, nenhum dado que coloque em risco a vida de pessoas ou atrapalhe as relações diplomáticas entre países deve se tornar público.

Não se tem certeza, por exemplo, de que a identidade das pessoas envolvidas na divulgação de informações sigilosas seja preservada. "Em países não democráticos, o medo é de que aqueles que fazem oposição ao governo sejam mortos", explica o especialista. As revelações justificam-se quando o país ou empresa desrespeita a lei de alguma forma.

CRIME

Julian Assange afirma que o Wikileaks é alvo de campanha de destruição. Hackers e ciberativistas se mobilizam para garantir a manutenção do site. A organização e o criador também estão sendo processados por Estados Unidos, China, entre outros países, onde é crime tornar público dados governamentais secretos. Muitos foram presos por isso, entre eles o soldado norte-americano Bradley Manning, acusado de fornecer ao site arquivos relacionados à guerra no Iraque, como o vídeo de um ataque contra civis confundidos com terroristas.

Os defensores do Wikileaks acreditam que as ações dos governos e de grandes organizações devem ser transparentes, por isso, apoiam a divulgação de arquivos secretos. Esses dados são capazes de mudar a opinião pública sobre alguns assuntos. Por meio do site, por exemplo, sabe-se que 63% dos mortos na Guerra do Iraque (entre 2003 e 2009) eram civis. Esse tipo de informação faz com que a intervenção norte-americana perca credibilidade. 

MUITOS ACREDITAM QUE ISSO É DEMOCRATIZAR INFORMAÇÕES

Para especialistas, o Wikileaks reforça a net como meio de democratizar informações. O aspecto mais importante, segundo Demi Getschko, presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto Br, é o poder de defesa contra restrições. A característica garante o sucesso do site. "A rede é aberta, livre e difícil de controlar. Para o bem ou para o mal."

A internet deu o poder às pessoas de gerar informações, antes divulgadas apenas pela mídia. No entanto, conforme Demi, isso aumenta a responsabilidade de descobrir e entender o que é verdadeiro ou falso. "É melhor você escolher (as informações) do que receber mastigado."

O futuro do Wikileaks é incerto, assim como o de seu fundador Julian que está em prisão domiciliar no Reino Unido, acusado de crime sexual. Enquanto isso, Hollywood prepara um filme sobre ele. Devem surgir mais informações bombásticas.




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