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Manobra estatística faz
emprego atingir meta
Soraia Abreu Pedrozo
Com Agências
19/01/2011 | 07:22
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Uma mudança na metodologia de cálculo da geração de emprego no País fez com que o saldo de vagas em 2010 atingisse a meta proposta pelo ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, de 2,5 milhões de postos de trabalho.

Porém, para chegar a essa marca - o maior número de contratações desde 1992, quando teve início a série histórica - houve uma ‘manobra estatística', em que foram incluídos registros de emprego da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) na somatória do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Aos 2,13 milhões de empregos declarados de janeiro a dezembro dentro do prazo - já recorde, mas abaixo da meta -, foram acrescidos 387 mil postos de trabalho gerados de janeiro a novembro. O montante, referente a números declarados pelas empresas fora do prazo por meio da Rais, foi antecipado. Geralmente esses dados ficam guardados e são conhecidos apenas lá para maio do ano seguinte. A soma dos saldos resultou nas 2,52 milhões de vagas, melhor resultado desde 2007, quando foram abertas 1,61 milhão de oportunidades.

"Não há manipulação: o dado é o mesmo, a metodologia é a mesma. Não antecipei por causa da meta e nunca disse sobre prazos (de divulgação de dados)", afirma Lupi. "Não sou dado a maquiagens", ironiza.

Na avaliação do diretor do departamento de indicadores econômicos da Prefeitura de Santo André, Dalmir Ribeiro, a ‘manobra' altera sim a metodologia do Caged. "Como nos outros anos não houve o mesmo procedimento técnico, vamos passar a comparar banana com laranja", diz. "Sem contar que não dá para saber de onde são esses 387 mil empregos gerados. Se são no Grande ABC ou em Cuiabá. Nada foi detalhado".

A propósito, até o fechamento desta edição, o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) ainda não havia liberado os dados por município, o que impediu a divulgação do saldo de vagas gerado na região em 2010.

Com o recorde, Lupi já estima a abertura de 3 milhões de postos neste ano. Desde o início do governo Lula, em 2002. houve 15 milhões de contratações com carteira assinada. "Acredito que a mudança do cálculo tenha acontecido justamente para alcançar esse número", defende Ribeiro.

Otimista, Lupi diz que "o resultado da Rais 2010, divulgado mais para o meio do ano, será maior do que o de 2009, com aproximadamente 3 milhões de empregos formais, já que somam-se a esses 2,5 milhões os postos de trabalho criados no serviço público, que não entram no Caged."




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