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Falta de mão de obra qualificada é desafio
01/01/2011 | 15:55
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A qualificação de profissionais é o principal desafio do governo Dilma para um Ministério do Trabalho e Emprego sem representatividade e com pouca força política para romper as barreiras da desqualificação profissional no País. A questão extrapola a Pasta e é uma das preocupações do governo. Afinal, a falta de mão de obra especializada pode comprometer, inclusive, a continuidade do crescimento do País. A tendência, segundo o próprio ministro Carlos Lupi, é de maior estrangulamento, dada a expansão da economia doméstica e o aumento dos investimentos estrangeiros no Brasil.

A percepção generalizada é de que a função do titular da Pasta pouco pode ajudar nessa questão. Os críticos dizem que a visibilidade do ministério é baixa e, na prática, se restringe à divulgação mensal dos números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Essa baixa projeção e poder do ministro teria sido um dos motivos para que a Força Sindical declinasse do convite para assumir o Ministério do Trabalho e Emprego por considerá-lo pouco representativo e com um orçamento com poucos recursos. Mesmo comportamento adotou a CUT (Central Única de Trabalhadores), que também não manifestou interesse no cargo, apesar de a CUT ser próxima do PT, partido que elegeu Dilma Rousseff. Com isso, Lupi permanece no cargo em 2011.

A questão é que os gargalos da falta de qualificação são observados nos mais diferenciados setores. O setor que mais vem ganhando o noticiário nacional em função da inexistência de trabalhadores preparados é o da aviação. O problema tem sido visto em várias companhias, que não conseguem obter profissionais capacitados na mesma velocidade de crescimento do setor.

Manter essa paridade entre a oferta e demanda de bens é algo fundamental para que não haja inflação. Recentemente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, atribuiu parte da alta dos preços ao aquecimento da economia e citou a falta de mão de obra disponível como um sintoma desse momento pelo qual passa o País. No balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) de 2007 a 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também relatou que sente o problema de perto: não encontra pedreiros para reformar seu apartamento em São Bernardo, para onde se mudará após deixar o governo.

Além disso, a disparada dos preços tem encontrado respaldo nos aumentos de salário concedidos pelas empresas para segurar os profissionais. O BC (Banco Central) chegou a fazer um alerta sobre essa movimentação, que é mais visível no setor de serviços.

Ainda que alguns setores já demonstrem engessamento por causa da falta de qualificação no mercado, a expectativa é de que deve vir da extração do petróleo do pré-sal e de subsetores relacionados a maior demanda por trabalhadores, que hoje estão sem especialização. Com a sobra de vagas sem condições de serem preenchidas pelos brasileiros, cresce o número de profissionais estrangeiros interessados em empregos no País. Nos primeiros seis meses de 2010, mais de 22 mil profissionais de fora pediram visto de trabalho no Brasil, um crescimento de 20% em relação ao mesmo período de 2009.

Mais do que isso, foi o maior ingresso formal para o período da história. Na segunda metade de 2010, as coisas não estão muito diferentes. O ponto, conforme indicam dados do ministério, é que não se tratam mais apenas de postos de altíssima qualificação ou que estejam relacionados com a exigência de um representante da mesma origem de uma empresa multinacional que se instale por aqui. Com o boom da construção civil, que deve ganhar ainda mais força com a proximidade de grandiosos eventos esportivos, como a Copa do Mundo (2014) e a Olimpíada (2016), começam a aparecer mais vagas que trabalhadores em obras por todas as partes do País.

O governo tem procurado suprir parte dessa demanda. Em 2010, estão em vigência 1,033 milhão de contratos de formação de profissionais no Plano Nacional de Qualificação (PNQ), um dos mecanismos de política pública de trabalho e renda no âmbito do Fundo do Amparo ao Trabalhador (FAT). Mas não tem sido suficiente. Tanto que muitas empresas têm buscado treinar seus empregados por conta própria. Lupi também tem consciência que a resposta para o problema não será imediata. ê algo para 15 ou 20 anos, diz. Resta saber se o Brasil conseguirá prosseguir em desenvolvimento até lá.

Nem tudo é problema, no entanto, para o "Ministério das Boas Notícias", como é apelidada a Pasta do Trabalho e Emprego pelo presidente Lula. Pela previsão de Lupi, o País tem potencial de ampliar em 3 milhões o número de postos de trabalho com carteira assinada. Se for mesmo constatada essa ambiciosa projeção, será um recorde absoluto de geração de empregos no País. Para 2010, a meta fechar o ano com 2,5 milhões de vagas, que já será a maior expansão do mercado de trabalho formal da história. Até então, o maior volume de criação de postos com carteira assinada em um ano foi em 1,8 milhão, em 2007.




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