Política Titulo
Ex-presos políticos são homenageados em Mauá
Havolene Valinhos
Do Diário do Grande ABC
18/12/2010 | 07:50
Compartilhar notícia


"Vem, vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer". Foi ao som da música de Geraldo Vandré e sob forte emoção que o Centro de Memória e Resistência do Povo de Mauá e região junto com a Câmara homenageou ontem cerca de 45 ex-presos políticos da cidade e seus familiares. Segundo informações do Centro, o Grande ABC tem em sua história aproximadamente 200 presos políticos.

O presidente da entidade, Olivier Negri Filho, 58 anos, foi preso quando tinha apenas 18, em 1970. Ele conta que foi sequestrado e torturado durante os três meses que passou na prisão. Após esse período, ainda teve que responder a processo durante três anos sob a acusação de subversão. "Nos soltaram sob protestos do Conselho Mundial das Igrejas, Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e da OAB."

Olivier explica que a ideia do centro e da homenagem além de resgatar a história política "é despertar na população do Grande ABC a necessidade de luta constante pela democracia e liberdade, que no Brasil ainda é embrionária."

Durante a ditadura dois presos políticos que residiam em Mauá morreram: Olavo Hansen, militante do Port (Partido Operário Revolucionário Trotskista), morto aos 33 anos, fazia oposição sindical dos químicos no Jardim Mauá e Raimundo Eduardo da Silva, militante da AP (Ação Popular) que ao morrer tinha 22 anos e era presidente da associação de moradores do Jardim Zaíra Sabajazac. O relato é que ambos foram presos e torturados até a morte entre 1970/71.

Para Alice Hansen, irmã de Olavo, que foi receber a homenagem na Casa, a luta do irmão em parte valeu a pena. "Vivemos uma democracia relativa. Não temos mais ditadura. Porém, não era o que ele sonhava, pois esperava democracia com mais honestidade, menos corrupção. Mas não podemos dizer que foi em vão. Toda luta vale a pena. Se ninguém tivesse feito nada tudo estaria igual."

Gilda Fiovaravanti da Silva, 69 anos, disse que se emociona toda vez que lembra dos dois meses em que esteve presa e da apreensão da família. "Valeu muito a pena, mas não consigo falar da história. Um evento como o de hoje é importante para mostrar o que realmente aconteceu e não está nos livros."

Estavam presentes no evento os prefeitos de Mauá, Oswaldo Dias (PT), e de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV). Os chefes dos Executivos prometeram estudar, por meio do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, forma de auxiliar no resgaste da história dos presos políticos.

Também participaram da homenagem, o presidente da Câmara Rogério Santana, os vereadores Marcelo Oliveira e Rômulo Fernandes, todos do PT, além de Edgard Grecco (PDT), que presidiu a cerimônia.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;