Setecidades Titulo
Madrasta alega ter sido forçada a esquartejar irmãos
Evandro De Marco
Do Diário do Grande ABC
16/12/2010 | 07:52
Compartilhar notícia


O primeiro dia de julgamento dos acusados pelas mortes dos irmãos João Vítor e Igor dos Santos Rodrigues, em 5 de setembro de 2008, foi marcado pelas estratégias de defesa dos réus no Fórum de Ribeirão Pires, ontem.

O início dos trabalhos contou com depoimentos de testemunhas de acusação e defesa, mas foi nos depoimentos dos acusados que os advogados deixaram clara a linha a ser seguida.

Os defensores do vigia João Alexandre Rodrigues, 42 anos - pai dos meninos e acusado de matá-los por asfixia com uso de sacolas plásticas -, foi de negar a autoria do crime e indicar um suposto mau relacionamento da então madrasta Eliane Aparecida Antunes, 39, com os enteados.

Para escapar das acusações, Rodrigues alegou ter sofrido coação e agressões por parte de policiais civis na Delegacia de Ribeirão. "Fui coagido por policiais do Garra com choque elétrico e pressão psicológica", afirmou.

O pai dos meninos usou o mesmo argumento para justificar ter assumido a morte dos filhos, também no segundo depoimento à polícia e na reconstituição do crime.

Por outro lado, a defesa da ex-companheira de Rodrigues optou por confessar sua ajuda a atear fogo aos corpos e distribuí-los pelas ruas do Centro da cidade mediante ameaça imposta pelo vigia. "Ele (Rodrigues) falou que, se algo desse errado, ele mataria o Thiago (filho dela)", disse Eliane.

O julgamento foi suspenso pelo juiz José Wellington Bezerra da Costa Neto às 20h10, e será retomado hoje, às 9h.

Meninos foram mortos, queimados e esquartejados

Os irmãos João Vítor, 13 anos, e Igor Rodrigues, 12, foram mortos na tarde de 5 de setembro de 2008, dentro da casa onde moravam com o pai, o vigia João Alexandre Rodrigues, 42, e a madrasta, a auxiliar de cozinha Eliane Aparecida Antunes.

A causa da morte é asfixia, provavelmente com uso de sacolas plásticas. Depois de assassinados, os irmãos tiveram os corpos esquartejados e queimados no quintal da residência, que fica na Rua Cândido Mota, Vila Aurora, região central de Ribeirão Pires.

Além dos requintes de crueldade que cercaram a execução, outro fato que chamou a atenção foi a distribuição de partes dos corpos em sacos de lixo espalhados pelas imediações.

O assassinato foi descoberto por agentes de limpeza pública no momento em que recolhiam alguns dos sacos. "Doze anos trabalhando com lixo e nunca vi nada assim", disse, à época, o motorista de caminhão Liordino Santos.

Rodrigues e Eliane foram presos na manhã seguinte, acusados dos crimes.

Júri só de mulheres toma decisão hoje

O julgamento de João Alexandre Rodrigues, 42 anos, e Eliane Antunes, 39, deve terminar hoje, com proferimento de sentença previsto para o fim da tarde.

O júri, formado por sete mulheres, deve assistir, a partir das 9h, o debate entre os advogados de defesa de cada réu e o promotor de Justiça Abner Castorino, com direito a réplicas e tréplicas. Só então o júri se reúne para decidir se os acusados são culpados pelos crimes.

Para o defensor de Rodrigues, Reynaldo Fronsozo Cardoso, o fato de o pai dos meninos não conseguir explicar as manchas de sangue no carro que usava não compromete seu julgamento. "Isso é só um ponto. O processo penal é um conjunto. Se não fechar o quadro de provas, ele vai ser absolvido", acredita.

Para o advogado de Eliane, Marcos Gonçalves de Lima, o depoimento de sua cliente foi convincente, e demontra que ela teria sido obrigada a colaborar com o ex-companheiro na execução de parte dos crimes. "Ela nega a participação nos homicídios, e só ajudou no esquartejamento porque foi obrigada por ele (Rodrigues)."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;