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Falhas e confusões comprometem Enem
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
08/11/2010 | 07:40
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Denis Maciel/DGABC


O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) esperava que a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no sábado e domingo transcorresse com tranquilidade. Mas não foi o que aconteceu. No primeiro dia, erro no cartão de gabarito e provas amarelas - no total, são quatro cores diferentes - com impressão incorreta deixaram estudantes confusos e irritados.

Os problemas podem, inclusive, resultar na anulação do exame, segundo Ministério Público Federal em São Paulo e OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil). A procuradora Maria Luíza Grabner recomenda que estudantes que se sentirem prejudicados façam representação no Ministério Público. Promotores avaliarão as denúncias. Caso constatem dano coletivo, poderão entrar com ação civil pública pedindo a suspensão da avaliação.

"Falaram para preencher na ordem contrária. Minutos depois, disseram para colocar as respostas na sequência normal", afirma Guilherme Vieira, 18 anos. O amigo dele, Guilherme Orlandi, 18, conta que, no meio da bagunça, marcou pelo menos duas questões erradas.

O Inep informou que na quarta-feira deverá colocar na internet uma página na qual estudantes prejudicados poderão relatar os problemas que tiveram durante a prova. A realização de um novo exame não está descartado pelo instituto.

 

DIFICULDADE

Na opinião dos estudantes, a prova de Matemática e Linguagens, aplicada ontem, foi mais fácil do que a de sábado, quando foram avaliadas Ciências da Natureza e Humanas. O tema da redação, O trabalho na construção da dignidade humana, causou surpresa em alguns jovens. "Esperava que fosse sobre algo relacionado ao Ano Internacional da Biodiversidade", diz Bárbara Milani, 17.

Grande parte dos estudantes ficou insatisfeita com o nível do exame. "De Química, Física e Biologia cobraram matéria que nunca deram na escola. Deveria ter ensino igual para todos, e não é assim. Quem estuda em colégio particular sai beneficiado", critica Jéssica Milan, 18, aluna de escola pública.

A falta de espaço para resolução das questões de Matemática também foi motivo de reclamação geral. "Foi estranho. Até as perguntas de espanhol tinham lugar para rascunho", fala Filipe da Silveira, 17.

 

DESORGANIZAÇÃO

De acordo com novas regras, era permitido fazer a prova apenas com caneta esferográfica preta. Lápis, lapiseira, borracha, apontador, relógio, celular, mp3, entre outros aparelhos eletrônicos, estavam proibidos. O objetivo, segundo o Inep, era garantir a segurança.

No entanto, não foi o que se viu. A reportagem do Diário constatou inúmeras pessoas com relógio nos pulsos e retirando celulares de bolsos e mochilas. Além disso, jovens teriam mandado mensagens no Twitter durante o exame.

Em Belo Horizonte, um estudante foi parar na sede da Polícia Federal porque foi flagrado fotografando a prova com celular. "Teve muita displicência. O pessoal estava ligando celular na sala. Os fiscais ficaram na porta conversando", conta Julio César Ferreira, 23, de Santo André.

As provas serão divulgadas hoje, às 12h, no site www.enem.inep.gov.br. Os gabaritos oficiais estarão no mesmo endereço amanhã, às 18h. (com AE)




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