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Rapazes ganham até R$ 10 mil por mês
Willian Novaes
Do Diário do Grande ABC
06/09/2010 | 07:43
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A vida de garota de programa é bem conhecida. Algumas profissionais do sexo ficaram famosas contando peripécias em livros e filmes. Mas a prostituição masculina é mais velada. O método de trabalho é diferente, poucos ficam nas esquinas, mas sim conectados à internet ou com o telefone celular, sempre carregado, em mãos.

Nenhum garoto de programa ouvido pela equipe do Diário relatou que trabalhava para sustentar a família. O que os levava às ruas era a vontade de viver com conforto, fazendo o que gostam. A maioria faz anúncios em sites e por lá acertam o pagamento.

Segundo a ONG ABCD'S (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual), entidade ligada aos direitos dos gays, existem cerca de 200 garotos de programas atuando no Grande ABC. Eles são jovens, a maioria é gay, 80% faz programas com homens e 20% com mulheres e casais.

Os homossexuais são os principais clientes. Os programas variam de R$ 100 a R$ 500. O estudante de administração de empresas Daniel, 31 anos, é um desses rapazes. Ele disse que há três anos faz programas, mas somente ativo e com mulheres, para viver melhor e com mais luxo, como dirigir carro 0 km e usar roupas de grifes. "Trabalho em uma consultoria e estudo à noite. Quando saio da faculdade, vou atender minhas clientes. Comecei a fazer isso apenas por curiosidade e depois percebi que dava para tirar uma grana legal. Ninguém tem ideia que faço esse tipo de coisa. A discrição é fundamental", revelou.

Daniel contou que atende clientela privilegiada.Entre as mais assíduas estão juíza federal, médicas, advogadas e até atriz famosa. "Quando pedem para eu dormir com elas, chegam a desembolsar R$ 1.000", diz o rapaz que afirma ganhar até R$ 10 mil em um mês.

Nascido no Rio Grande Norte, Daniel veio para São Paulo estudar, pretende viajar ao Exterior e, daqui a uns anos, voltar para o Nordeste. "Faço porque gosto de sexo. As mulheres são mais velhas e ainda sinto atração."

O garoto de programa garantiu que ainda não precisa ingerir qualquer estimulante sexual ou drogas. "Não faço isso, mas sei de histórias de rapazes que se drogam e precisam tomar remédios. Quando precisar, vou tomar na boa."

Já Diego, 20, começou a se prostituir a menos de um ano. A maioria dos seus clientes são homens mais velhos e com disposição para pagar até R$ 300 por programa. "Faço ativo e passivo e gosto de atender homens. Ganho cerca de R$ 4.000 por mês. É muito difícil uma mulher ligar."

O jovem prestou vestibular na Fatec (Faculdade de Tecnologia) para o curso de Informática, mas não foi aprovado. "Agora me dedico à academia e a estudar. Preciso começar a faculdade, porque não dá para viver disso a vida inteira. Como vai ser na hora em que eu me apaixonar?", questionou.

A maioria dos garotos de programas não mostra os rostos em sites e blogs por privacidade e segurança. "Minha família me mata se souber que faço isso. Imagina se descobre que sou gay e faço programas? Estou morto", sentenciou Diego.

ONG dá dicas de segurança para clientes

O programa Gay Vivo da ONG ABCD'S (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual) dá dicas de como se relacionar com os garotos de programa. Essa foi a maneira que a entidade encontrou para reduzir o número de agressões e roubos realizados pelos profissionais do sexo.

Não deixar objetos pontiagudos à vista nos locais do encontro é uma das principais ajudas. "As pessoas precisam tomar cuidado. É preciso acertar tudo antes, inclusive o valor do programa, para depois não ter problemas. Não recomendamos que os gays saiam com garotos que fazem ponto na rua. A situação é de risco", avisa Marcelo Gil, presidente da entidade.

O ativista relembra a história de um jovem muito requisitado pelos clientes. "As pessoas depositam o dinheiro na conta dele e depois desaparece. É comum."

A ONG fez nos anos 2008 e 2009 campanhas de prevenção com os homossexuais que frequentavam o Parque Celso Daniel, em Santo André, outro local conhecido como ponto de encontro de gays.

Para Gil, o mercado do sexo no Grande ABC entre homens é tão disputado quando o da Capital. "Os preços são altíssimos e a maioria trabalha de forma independente, sem cafetões. Além disso, eles usam salas de bate-papo para se oferecer e marcar encontros", comentou.




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