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Nem estrela global escapa
Beto Silva e Mark Ribeiro
27/08/2010 | 08:36
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Além dos dados do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de outros três tucanos ligados ao presidenciável José Serra (PSDB), a agência da Receita Federal de Mauá também acessou informações fiscais de quatro integrantes da família Klein, dona da Casas Bahia, e da apresentadora da Rede Globo Ana Maria Braga. Ainda não se sabe se as inspeções, como de mais de 100 outras pessoas, foram imotivadas.

Segundo apuração da Corregedoria-Geral da Receita Federal, os acesos foram feitos entre agosto e dezembro do ano passado nos computadores de três servidoras consideradas suspeitas de violarem os dados: Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva, Adeilda Ferreira dos Santos e Ana Maria Cano - elas negaram em depoimento envolvimento com o episódio. Outros sete funcionários do Fisco de Mauá também são investigados.

As informações sobre o Imposto de Renda dos integrantes do PSDB constavam de um dossiê montado pelo grupo de inteligência que atuou na pré-campanha da candidata à presidência pelo PT, Dilma Rousseff (PT), segundo reportagem da Folha de S.Paulo, de junho. A partir da denúncia, a Corregedoria da Receita e a Polícia Federal abriram investigações para apurar os vazamentos.

A situação gerou série de acusações políticas entre os dois principais partidos da corrida presidencial deste ano. E agora terá consequências jurídicas. O PSDB ingressará na Justiça Eleitoral com ação contra Dilma por considerar que sua campanha foi responsável pela quebra de sigilo dos tucanos. Já o PT anunciou ontem que entrará com ações criminal e civil contra o candidato do PSDB, José Serra, que responsabiliza a adversária pelo acesso e vazamento dos dados. Os deputados da oposição, de PSDB, PPS e DEM, por sua vez, querem a abertura de inquérito civil público para investigar o caso.

Repercussão - O advogado de Adeilda, Marcelo Panzardi, disse que soube das novas quebras de sigilo pela imprensa e que não conversou com a cliente ontem. Ele defendeu a servidora alegando que quem está sendo acusado é o computador, não a funcionária. "Não há prova de que ela acessou os dados. Todos tinham a senha. A agência era uma festa, uma bagunça."

A notícia sobre as quebras de sigilo fiscal foi o principal assunto durante o dia de campanha dos candidatos à Presidência. Naturalmente, Serra foi o mais contundente, atribuindo o fato à sua adversária na corrida. "Dilma tem de dar explicações ao Brasil do que aconteceu, porque foi feito e quem são os responsáveis."

O tucano seguiu o tom ofensivo contra o PT. "Não é a primeira vez que eu sofro deste tipo de baixaria. Vocês lembram o dossiê dos ‘aloprados', comandado pelo atual candidato do PT ao governo de São Paulo (Aloizio Mercadante). Agora tem mais essa. Há uma permanente guerra de baixaria."

Ao tomar nota das declarações do adversário, Dilma rebateu. "É acusação sistemática que ele tem feito sem provas, o que demonstra desespero." Segundo ela, a informação é requentada. "Não é possível que se utilizem novamente de expediente, sem provas, para fazer factoides e acessar minha campanha."

Seu candidato a vice, Michel Temer (PMDB), adotou postura amena, e pediu que as investigações sejam concluídas antes das eleições. Questionado se o fato tem cunho eleitoral, ficou confuso. "Não sei se é, nem estou dizendo que é... não creio que seja." (Com AE)




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