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Blog ensina a lidar com mal de Alzheimer
Kelly Zucatelli
Do Diário do Grande ABC
28/07/2010 | 09:17
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Ricardo Trida/DGABC


Há cinco anos, o analista de sistemas Rodrigo Alves de Freitas, 32 anos, e sua família ganharam o desafio de mudar a rotina depois de descobrirem que a mãe, a dona de casa, Aparecida Alves de Freitas, 75 anos, sofria de mal de Alzheimer. A doença acomete inicialmente a parte do cérebro que controla a memória, o raciocínio e a linguagem.

Com o passar do tempo, Freitas percebeu a importância de dividir com outras pessoas informações e experiências sobre como cuidar de pacientes com Alzheimer , e criou o blog Quando Pais Viram Filhos dos Filhos ( www.quandopaisviramfilhos.com.br).

"A princípio queria desabafar sobre a dolorosa doença. O pior é que, quem está perto, não tem muito o que fazer para evitar que continue evoluindo. Queria compartilhar cada experiência vivida pelas pessoas da minha casa, desde quando tivemos que nos adaptar a uma nova realidade", explica o analista, que comemora dois anos de blog.

O conteúdo do espaço na rede possibilita que os visitantes fiquem por dentro das novas tecnologias que ajudam no tratamento, além de eventos sobre o assunto, vacinação e relatos emocionados do morador de Santo André sobre cada comportamento que vai transformando sua mãe numa pessoa mais calada e sedentária.

ROTINA - Rodrigo, as duas irmãs e o pai se revezam e contam com o auxílio de uma cuidadora para atender as orientações médicas necessárias para prolongar a vida da mãe. Aparecida

muitas vezes chega a esquecer o nome de seus filhos e marido.

"Logo que aconteceu, decidimos levá-la para o médico, pois ela tinha alguns lapsos de memória. Meu pai não queria acreditar que ela estava de tal maneira. Eu entrei em choque, pois olhava para ela e pensava como a minha mãe, que sempre conviveu comigo, muitas vezes não sabia nem quem sou", contou.

Para oferecer atenção adequada à paciente, o pai de Freitas ficou encarregado de vigiá-la durante à noite para que Aparecida não caísse da cama enquanto dormia.

Com o tempo, além da memória, a mobilidade também se tornou algo difícil para a dona de casa.

"Hoje ela não anda, pouco fala e, quando fala, são coisas desconexas. Além de não reconhecer quase ninguém. Quero compartilhar com as pessoas o conhecimento e as experiências que passamos, além de ser um multiplicador de informações na internet", concluiu.

CLÍNICO - O geriatra da Faculdade de Medicina do ABC Marcelo Valente explica que a incidência do mal de Alzheimer têm aumentado porque a expectativa de vida da população também se elevou. Dados apontam que 1% dos moradores de qualquer cidade do mundo sofre da doença. "Se fizer um rastreamento, a cada 100 pessoas que fizerem teste de memória, pelo menos uma está acometida com a doença", afirma Valente.

Não existe como prevenir o Alzheimer. A orientação é procurar um médico ao primeiro sinal percebido de baixa memória, principalmente em pessoas a partir dos 60 anos. Entre os sintomas mais comuns estão delírio, alucinações, agressividade, ansiedade e insônia.

Mulheres lideram casos da doença no Estado

Avaliação do Programa Público Brasileiro de Tratamento do Alzheimer feito em 2008 apontou que cerca de 7,1% dos idosos de uma população geral de quase 20 milhões de pessoas apresentavam prevalência de demências. O diagnóstico apontou que seria necessário aumentar a meta dos programas de fornecimento de medicação para que pelo menos cerca de 400 mil pacientes - de um total de cerca de 1,5 milhão de idosos - fossem tratados. Porém, a taxa de cobertura da medicação ficou abaixo do esperado, atingindo apenas 12% da população idosa.

SÃO PAULO - Na mesma época, no Estado de São Paulo, 56.827 pessoas buscaram tratamento contra a doença nos serviços conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde) para evitar ou retardar os sintomas do mal de Alzheimer. Desse montante, 64,1% eram mulheres, com idade média de 76 anos, sendo que 24% delas eram das classes A e B e com renda mensal acima de 20 salários-mínimos.

Entre os homens que procuraram atendimento contra a doença, a idade média é de 75 anos, sendo que a maioria representava as classes C e D, e os das classes A e B, 22% do total de atendimentos.




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