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'O bem amado' na telona
Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
23/07/2010 | 07:28
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Divulgação


As obras de Dias Gomes (1922-1999) sempre tiveram grande apelo popular. Uma delas em especial se mostrou tão querida que deixou as páginas para ganhar adaptações na televisão, teatro e agora no cinema, com O Bem Amado, que estreia hoje nos cinemas (duas salas na região). O filme traz uma boa dose de risadas e relembra o que de melhor o cinema brasileiro tem a apresentar: a comédia.

Ainda estão na memória - de muita gente - as artimanhas boladas pelo ator Paulo Gracindo (1911-1995) no papel do falastrão político Odorico Paraguaçu na novela homônima da década de 1970 - e que viria a gerar uma série televisa nos anos 1980.

Mais recentemente, a história ganhou vida nos teatros e foi a partir desta adaptação que o ator Marco Nanini, astro da peça, se uniu ao diretor Guel Arraes para levar o conto para as telonas. "Levei tudo do teatro para o cinema porque já existia a perspectiva da produção. Procurei já ter uma intimidade com o personagem", explica Nanini.

Na trama, Odorico Paraguaçu acaba de ser eleito prefeito da cidade de Sucupira e promete a construção de um cemitério para o local. Após a obra superfaturada ficar pronta, os problemas começam quando não há nenhum corpo para inaugurar o projeto.

Enquanto começa a bolar diversos planos ao lado de seu secretário Dirceu Borboleta (Matheus Nachtergaele), o político precisa lidar com seu envolvimento amoroso com o fogoso trio das Irmãs Cajazeiras (vividas por Zezé Polessa, Andréa Beltrão e Drica Moraes). Sua vida pública e pessoal é acompanhada de perto pelos repórteres do jornal A Trombeta, que fazem de tudo para desmoralizar o novo prefeito.

O jeito teatral e político do protagonista é um prato cheio para piadas. Seus discursos prolixos contam com engraçados neologismos quando explicam que o ‘construimento' do cemitério é perseguido pela imprensa ‘marronzista' ou remete a seus encontros ‘sigilentos' no gabinete da prefeitura.

Ambientada na década de 1960, a trama sofreu pequenas modificações para não parecer antiga demais. "Não queria fazer algo de época com termos e bordões atuais. Foi preciso atualizar pensando naquele tempo. Fazer um Odorico como um coronel do interior não diria muita coisa hoje", diz Arraes.

As cenas gravadas na ensolarada cidade de Marechal Deodoro, em Maceió, ganham vida com a boa trilha sonora que conta com participação de Caetano Veloso, Zé Ramalho e Jorge Mautner, entre outros.

O Bem Amado chega aos cinemas gabaritado pelo sucesso do passado, mas também pressionado a agradar um novo tipo de público. O carismático Odorico Paraguaçu se une a uma lista de ricos personagens das obras de Arraes, casos de João Grilo (O Auto da Compadecida) e Leléu (Lisbela e o Prisioneiro), e não fica atrás desses figuras.




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