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Pedágio é mais caro que combustível
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
30/06/2010 | 07:16
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O que muita gente já deve ter percebido, a equipe do Diário comprovou ontem. O gasto com pedágio pode superar o do combustível para viajar ao Litoral.

Exatos R$ 14,10. Foi esta a quantia desembolsada com etanol para ir de Santo André a Santos e voltar a bordo de um Gol 1.0. Se já não era suficiente para pagar o atual do pedágio de R$ 17,80 no sistema Anchieta-Imigrantes, o valor fica distante R$ 4.40 da nova tarifa de R$ 18,50, que entra em vigor amanhã.

Com motorista, repórter e fotógrafo, o Gol geração IV percorreu exatos 135 quilômetros. O ponto de partida foi o Auto Posto, localizado na Rua Catequese, 1.263 (bairro Jardim), onde o litro do álcool é vendido a R$ 1,29. Após completarmos o tanque, saímos às 9h10 em direção à Baixada pela Rodovia Anchieta.

Respeitando o limite de velocidade de 110 km/h no planalto, no trecho de serra o tráfego pesado de caminhões deixou a descida bem mais lenta, numa média de 40 km/h.

Por volta das 10h20, chegamos à praia, na Avenida Presidente Wilson. O ponteiro que marca o nível de combustível nem havia se mexido, após percorridos 62 quilômetros.

Voltamos pela Rodovia dos Imigrantes, já que a pista de subida da Anchieta estava interditada para manutenção. No percurso, trânsito tranquilo. O Gol pôde subir dentro do limite de velocidade, de 110 km/h.

Terminamos a viagem no mesmo ponto onde havíamos começado. No reabastecimento no Auto Posto, o resultado: o veículo havia consumido 10,8 litros - média de um litro para cada 12,4 quilômetros rodados.

CAMINHONEIROS
Se não pesa muito para quem vai ao Litoral a lazer, o pedágio tem custo significativo para os que vivem da estrada, como caminhoneiros autônomos. "Vai subir mais uma vez (o pedágio)?", perguntou incrédulo o carreteiro Ernesto Bremer, 30 anos.

Bremer disse que, a cada novo reajuste, os autônomos perdem rendimento, pois o aumento não é repassado para o preço do frete. "As transportadoras mascaram falsamente o valor do pedágio no frete", concorda José Carlos Baltazar, 40 anos de profissão.

José Luiz Ribeiro Gonçalves, presidente do Sindicam (Sindicato dos Transportadores Autônomos), em Santos, disse que os caminhoneiros acabam aceitando o frete oferecido pelas transportadoras para não ficar parados.

"É verdade que as rodovias mais importantes do Estado estão muito caras para os caminhoneiros, embora tenham um bom nível de conservação", analisou Gonçalves.

Em recente entrevista, o secretário estadual de Transportes, Mauro Arce, afirmou que parte do montante arrecadado nas rodovias pedagiadas é usada para fazer a manutenção do restante da malha rodoviária de São Paulo que não interessa à iniciativa privada.

Para especialistas, a outorga, valor que as concessionárias pagam ao poder concedente para explorar a concessão, acabam impactando o valor da tarifa. Segundo o governo estadual, a Ecovias, que administra as rodovias Anchieta e dos Imigrantes, pagou R$ 100,7 milhões a título de outorga e investiu R$ 1,7 bilhão em obras no sistema.

Segundo a Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo) nas rodovias estaduais sob concessão é cobrada tarifa de R$ 0,14 por quilômetro. Este valor é multiplicado de acordo com a quilometragem de cobertura de cada praça de pedágio. Pelo fato de o sistema Anchieta-Imigrantes ter duas praças de pedágio, o valor cobrado é maior. Colaborou Evandro Enoshita




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