A censura imposta ao Diário, por solicitação do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), foi criticada ontem pelo senador Eduardo Suplicy (PT).

O chefe do Executivo foi à Justiça para impedir que o jornal publique reportagens sobre o descarte de carteiras escolares em bom estado de conservação. A liminar foi concedida pela 1ª Vara Cível de Santo André. O jornal recorreu da sentença.

Para o senador, é um erro impedir jornal de publicar reportagens. "Sou a favor da liberdade de imprensa. Não concordo com nenhum tipo de censura. Minha recomendação é de que possa ser assegurada a publicação de qualquer tipo de informação, garantindo o direito da outra parte de ser ouvida", afirmou o petista. "Vou procurar o prefeito Marinho para saber os motivos dele ter recorrido à Justiça", afirmou Suplicy.

No dia 24 de fevereiro, o Diário mostrou que o governo de São Bernardo, sob o comando de Luiz Marinho, estava doando a centros de reciclagem carteiras e cadeiras escolares utilizadas pela rede pública de ensino. Em plenas condições de serem usadas, algumas dessas carteiras ainda tinham patrimônio da Prefeitura de São Bernardo. A reportagem chegou a comprar, em um depósito conveniado da administração municipal, um conjunto por R$ 10 (R$ 7 a carteira e R$ 3 a cadeira).

Das 117 linhas da reportagem, 33 foram destinadas à resposta do governo Marinho.

O deputado estadual Orlando Morando (PSDB-São Bernardo) criticou a mordaça. "É profundamente lamentável. Isso é a prova de que o prefeito tem medo da verdade. Com essa decisão, a mais prejudicada é a sociedade."

A deputada estadual Vanessa Damo (PMDB-Mauá) também se mostrou contrária à censura. "Acho absurdo ferir o princípio da liberdade de imprensa, princípio este que o próprio partido do prefeito lutou para conquistar."

O secretário-geral do PSDB paulista, César Gontijo, endossou as críticas. "É abominável qualquer tipo de censura, principalmente à imprensa."