Único pré-candidato ao Senado no Grande ABC, o vereador de Mauá Cincinato Lourenço Freire Filho (PSDC) irá lançar mão de uma estratégia inusitada com a intenção de angariar fundos para a campanha eleitoral. O democrata-cristão pedirá ajuda dos amigos para levantar a verba.

O valor ainda está em fase de definição. Em dez dias, Cincinato acredita que a quantia seja fechada. O vereador, entretanto, disse que a campanha será "enxutinha".

"Não temos um número neste momento, mas acredito que ficará na casa de uns R$ 300 mil, R$ 400 mil", declarou Cincinato, que é médico.

Questionado se, sozinho, teria condições de bancar uma campanha nesse valor, Cincinato foi sincero. "Não tenho. Mas tenho bastante amigos. Quem tem amigo não morre pagão."

Segundo o político, a ideia do PSDC é mostrar a desigualdade entre os partidos, tanto em termos financeiros quanto em tempo de propaganda. "É impossível ter disputa quando um partido tem dez minutos e outro, cinco segundos. Dizer que há disputa é subestimar a inteligência do eleitor", frisou.

PREPARAÇÃO - A candidatura de Cincinato ao Senado terá outro adversário além da falta de verba e do pouco tempo disponível para TV: a descrença da própria sigla quanto à vitória.

Dentro do PSDC, a ida de Cincinato às urnas é tratada como uma forma de o partido ‘marcar terreno'.

"É institucional acima de tudo. Sabemos das dificuldades de disputar com outras siglas. Se não ocuparmos espaço, cedemos para outros", avaliou o presidente do diretório democrata-cristão em Mauá, Claudio Donizeti Lourenço.

O grupo político ainda não encomendou pesquisas para analisar quantos votos Cincinato pode agregar, mas acredita que ele possa ter boa votação. Em 2008, ele foi o quarto mais votado para a Câmara de Mauá, com 4.610 votos.

Para se ter uma ideia, com esse número, Cincinato só ficaria à frente de dois pleiteantes ao Senado em 2006. O vencedor, Eduardo Suplicy (PT), teve mais de 8 milhões de apoios.

A confirmação da pré-candidatura está bem encaminhada. No dia 27 ocorrerá um encontro em Osasco entre os diretórios da Grande São Paulo. Na ocasião, o martelo deve ser batido. "Estamos conversando com todos os diretórios para ver se teremos apoio. Só aceito ser candidato se for quase unanimidade. Não posso aceitar como uma imposição do partido ou uma vontade pessoal minha", disse Cincinato.

A vontade, entretanto, não é só do vereador. O pedido foi do presidente nacional do PSDC, José Maria Eymael. Vale lembrar que Mauá tem o maior diretório da legenda em São Paulo, com aproximadamente 5.000 filiados.