A gravação de novo disco pode dar ânimo a uma banda. Esse é o caso do grupo andreense Montanha, que acaba de finalizar o CD "Luz Solar Decifra" e se prepara para subir ao palco para o primeiro show de divulgação do trabalho.

O quarteto é formado por Marcelo Fortunato (bateria, percussão e voz), Jean Gantinis (guitarra e violões), Vinícius Castelli (guitarra e violões) e João Leite (baixo). A atual formação - a banda nasceu em 1987 - está junta desde 2005 e o lançamento do projeto funciona como forma de consolidar rumos.

"Foi muito importante a gravação de um disco neste momento pois marca essa nova fase da banda e acaba por dar uma nova cara para nós. O CD é uma afirmação para o grupo", diz o baterista e cantor Marcelo Fortunato.

O músico é o grande responsável por todas as letras das nove canções que compõem "Luz Solar Decifra". Não que os outros integrantes sejam deixados de lado no processo criativo, mas a sintonia entre eles faz com que as ações sejam concentradas em Fortunato. "Todos entendem o que é o Montanha e confiam no meu trabalho. Não sinto uma pressão, mas sei da responsabilidade."

A temática do CD gira em torno do trabalho de grandes escritores da região da América Latina. Suas obras acabaram por influenciar Fortunato. "Tive como base a literatura sul-americana, em obras de Gabriel Garcia Márquez, Ferreira Gullar, Victor Jará, Pablo Neruda, entre outros. Tentei me dedicar a esse tipo de influência", diz.

Ele cita a música "Macondo" como exemplo, quando se refere à cidade onde se passam as ações do livro "100 Anos de Solidão", do colombiano Gabriel García Márquez. Outra composição marcada por essa influência é "O Templo", na qual faz referência ao maranhense Ferreira Gullar e suas obras sobre o guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara (1928-1967). Segundo ele, procurou falar de um tipo de cultura que é mais próxima de sua realidade.

O trabalho do grupo é fortemente influenciado pelo estilo hard rock típico dos anos 1970, principalmente o difundido por bandas inglesas, além de fazer constantes referências a civilizações antigas.

O novo disco mistura esse ritmo com a música progressiva. Também é possível notar a presença de flertes com o psicodelismo. Em vez de apostar em formatos mais comerciais, o quarteto opta por um amadurecimento musical independente.

Para comemorar a nova fase, o Montanha sobe ao palco do teatro do Sesc Santo André amanhã, às 21h. O show é uma das atrações do projeto "Caixa Preta do Rock". O repertório conta com todas as músicas do recém-lançado CD e com cinco do disco "Montanha" (2004). Algumas surpresas estão prometidas para ocorrer durante a performance. Os ingressos custam entre R$ 2 e R$ 8 e estão à venda na bilheteria do local.

Montanha Show. Amanhã, às 21h. No Sesc Santo André (teatro) - Rua Tamarutaca, 302. Tel.: 4469-1200. Ingr.: R$ 2 a R$ 8.

Faixa a Faixa, por Marcelo Fortunato

Faixa 1 - Luz Solar Decifra

Rock setentista misturado com jazz, a letra aborda a consciência humana e o subconsciente.

Faixa 2 - Macondo

Rock setentista, letra presta tributo ao romance de Gabriel García Marquez Cem Anos de Solidão.

Faixa 3 - Outubro

Rock setentista, a letra retrata viagem por várias encarnações.

Faixa 4 - Arenal

Rock setentista, letra fala da cidade mística Arenal engolida pelo vulcão de mesmo nome na América Central há milhares de anos.

Faixa 5 - Arquitetar

Rock setentista que retrata fantástica arquitetura e estrutura mística das pirâmides do Egito relacionada com extraterrestres.

Faixa 6 - Espírito dos Pássaros

Rock setentista, com letra que aborda a mediunidade e aura dos animais.

Faixa 7 - O Templo

Rock setentista, baseado em poema de Victor Jara, morto sob tortura na ditadura chilena.

Faixa 8 - Um Aliado

Rock progressivo e blues fundidos, com letra baseada no poema Dentro da Noite Veloz, de Ferreira Gullar.

Faixa 9 - Depois do Temporal

Rock progressivo com influência indiana, com letra que presta tributo aos que dedicaram suas vidas à liberdade política e cultural.