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Parte das escolas ignora lei do hino
Felipe Rodrigues
Renato Castroneves
03/03/2010 | 07:46
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Caio Arruda/DGABC


Há cinco meses em vigor, a Lei Federal 12.031 - que determina a execução do Hino Nacional nas escolas - ainda não é cumprida por parte dos colégios do Grande ABC. Entre as infratoras há tanto unidades públicas quanto privadas.

Na Escola Estadual Idalina Macedo Costa Sodré, no bairro Barcelona em São Caetano, pais e alunos afirmaram que o colégio não segue a determinação. "Aqui não toca o Hino Nacional. Acho importante, porque é bonito e valoriza o País", disse Claudinei Godói Júnior,12 anos, da 6ª série.

Os pais dos alunos também aprovam a lei. "É uma tradição que deve ser mantida. Aprendi a cantar no colégio e espero que esse costume não seja deixado de lado", comentou Eliana Barroso, 35, mãe de duas crianças em idade escolar.

Na unidade do bairro Campestre do Colégio Objetivo, em Santo André, a prática ainda não é realizada. De acordo com o diretor Maurício Fraçon, 52, os alunos vão ter novidades na próxima semana: o Hino Nacional passará a ser executado no pátio da escola. "Devido às chuvas, nossos alto-falantes queimaram e prejudicaram nosso cronograma, mas já estamos preparando a nossa infraestrutura para começar a realizar a atividade", comenta.

Já em Mauá e São Bernardo as escolas não seguem à risca a lei - que foi sancionada em 21 de setembro. O projeto aprovado é de autoria do deputado federal Lincoln Portela (PR-MG).

Segundo um grupo de mães que estava em frente ao portão da Escola Estadual Maria Iracema Munhoz, na região central de São Bernardo, a atividade com Hino Nacional não ocorre toda semana. A dona de casa Lúcia Campos, 45, diz que suas duas filhas dificilmente comentam com ela que houve execução do hino. "Eu converso sempre com minhas filhas e elas nem se quer me disseram que cantam."

Professora da unidade, Tatiane Monteiro diz que a mãe está equivocada porque a escola toca toda sexta- feira o Hino Nacional. "Os alunos que participam são os da 5ª a 7ª séries. Alguns fazem barulho, não gostam de cantar, mas pelo menos uma vez por semana tem essa atividade no Iracema", informou ela, que não explicou porque turmas de outras séries não cantam o hino.

Em Mauá, alunos do Colégio Barão de Mauá, particular, disseram que não há nenhuma atividade relacionada ao hino. A diretoria foi procurada, mas informou que não seria possível atender a reportagem devido a reuniões pedagógicas. Na Escola Estadual Therezinha Sartore a realização do Hino Nacional antes das aulas ainda não acontece, mas a diretora Rita Sola afirma que vai iniciar as atividades.

‘Cantar não ajuda em nada, além disso, é brega demais'

"Cantar o Hino Nacional não ajuda em nada, além disso, é brega demais", opinou a aluna Paola Escobar, 14 anos, que cursa a 9ª série do Colégio São José, em São Bernardo. Ela não é a única estudante contra a determinação. Ingrid Alcarp, 14, também bateu o pé e disse que é "pura perda de tempo" entoar a canção no pátio. "A letra é difícil, longa, chata e não serve para nada", afirmou.

Para a professora de Sociologia da Universidade Metodista de São Paulo, Luci Praun, o caráter obrigatório de execução do hino "não combina com o ambiente escolar". Segundo ela, a canção deveria ser discutida com os alunos dentro das salas de aula. "Não adianta por o hino para tocar toda semana se as crianças não entendem o significado da letra. A música por si só não contribui no processo pedagógico e na formação do senso crítico do aluno", explicou.

Para Gabriela Freitas de Sá, 13, aluna da 7ª série do Objetivo do bairro Campestre, em Santo André, cantar o hino "não tem sentido". "Ninguém entende o significado da letra mesmo", opinou.

Já a dona de casa Neide Duarte, 45, mãe de três crianças em idade escolar apontou que não vai ser o hino que vai aumentar o civismo na população. "Obrigar a cantar não ajuda em nada, só piora", comentou.FR/RC

Pais dizem que atividade resgata o patriotismo

Para os pais, cantar o Hino Nacional nas escolas é uma maneira de resgatar o patriotismo e o civismo, que está sendo deixado de lado. O mecânico João Gusmão, 55 anos, morador de São Bernardo, tem cinco filhos e acredita que as escolas precisam realizar pelo menos uma vez por semana alguma atividade relacionada ao patriotismo.

"No Exterior, os colégios fazem isso muito bem. Aqui, se implantarem aos poucos, certamente vai dar certo. No começo ninguém vai gostar, vão achar chato, mas se for feito de uma maneira lúdica todos acabarão se interessando", afirmou.

Assim como Gusmão, o professor de História e funcionário público de Mauá Osvaldo Pacheco, 43, pai de uma menina, entende que seria interessante as crianças terem aula especial sobre civismo. "Muitos podem achar que meu pensamento é muito antigo, mas tenho certeza que os jovens de hoje precisam ter mais respeito à nossa Pátria. Hoje, eles só querem ficar na internet e acabam esquecendo os princípios", disse.

A professora da rede estadual de Mauá Maria Dolores Gomes, 35, acredita que cantar o hino de uma forma lúdica vai motivar os alunos.




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