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Thomas Schmall
Do Diário do Grande ABC
09/12/2009 | 07:00
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Quando Thomas Schmall assumiu a presidência da Volkswagen do Brasil, há três anos, encerrava-se um ciclo. Para trás, havia ficado uma reestruturação em que esteve ameaçada de fechamento a histórica fábrica de São Bernardo. Para frente, as perspectivas eram boas.

Foi o que aconteceu. A VW se recuperou, retomou a dianteira em automóveis e disputa a liderança com a Fiat, que só se mantém em primeiro com a soma de comerciais leves. Prestes a ser lançada, a picape média Amarok é a grande aposta da Volks para virar o jogo.

Schmall agora prepara um novo planejamento da montadora para os próximos dez anos. Em suas metas, a previsão de alcançar 1 milhão de carros no mercado brasileiro em 2014, o que representará 25% das vendas. Para isso, anunciou investimento de R$ 6,2 bilhões para ampliar a capacidade e lançar novos produtos.

Casado com uma brasileira, o jovem executivo alemão, de 45 anos, disse que, no ano em que a fábrica da Anchieta comemora oficialmente 50 anos, não gostaria de receber, mas sim de dar um ‘presente' aos funcionários da planta de São Bernardo, que se reinventou e passou a ser importante para os planos da VW no Brasil e na América do Sul.

AUTOMÓVEIS - No ano em que a fábrica de São Bernardo completa seu cinquentenário, qual o presente que o senhor gostaria de ganhar?

THOMAS SCHMALL - Eu não gostaria de ganhar nada. Meu desejo é dar um presente aos nossos funcionários porque acho que foi um excelente trabalho nestes 50 anos. Saímos do ponto em que estávamos sob o risco de fechar para uma posição bem melhor. Se você visitar hoje nossa fábrica de São Bernardo do Campo vai encontrar outra realidade. Parte dos R$ 6,2 bilhões que anunciamos será investida no Grande ABC.

AUTOMÓVEIS - A fábrica da Anchieta pode ser considerada como a melhor da Volkswagen no Brasil?

SCHMALL - A maior produtividade que temos hoje no Brasil é na fábrica de São José dos Pinhais (Paraná). Em São Bernardo do Campo, nós temos dificuldades de ajustes em razão das estruturas mais antigas. Mas os avanços que a fábrica da Anchieta conseguiu são maravilhosos.

AUTOMÓVEIS - Os recursos que vocês vão investir são gerados no Brasil?

SCHMALL - Vai vir dinheiro de fora também. Uma parte é daqui, mas não o suficiente para fazer 100%.

AUTOMÓVEIS - A Volkswagen está fazendo um fundo mundial para financiar fornecedores. Com isso, a empresa sinaliza que precisa crescer a capacidade. O senhor diria que estes novos investimentos seriam aplicados para ampliar a capacidade?

SCHMALL - Capacidade não vale nada se você não tem produto. Por que nós soltamos fogos de artíficio com novos produtos no ano passado e neste ano? Nós fizemos o lançamento do Voyage e do Gol em 2008. Em 2009, tivemos o novo Fox, a Saveiro, ao todo 16 novidades. Isso garante crescimento. Por isso, o investimento que vamos fazer será equilibrado entre produto e capacidade. O nosso planejamento não é só para o ano que vem - é para os próximos cinco, dez anos. O investimento que eu fizer hoje você só vai ver os resultados em dez anos. Eu posso estar aposentado em dez anos (risos).

AUTOMÓVEIS - Em 2010, a Volkswagen fará quantos lançamentos?

SCHMALL - Em torno de dez. Mas ainda não estão fechados. Nosso objetivo era fechar em torno de 30 lançamentos entre este ano e o que vem. Então falta um pouquinho para esta conta fechar.

AUTOMÓVEIS - Como a Volkswagen vai atingir o posto de maior fabricante mundial de automóveis em 2018, batendo a Toyota?

SCHMALL - A nossa estratégia mundial está clara e definida. O nosso chefe anunciou dois anos atrás que vamos trabalhar forte para ser o número 1 no mundo. Nós próximos cinco anos, vamos lançar 47 produtos no Grupo Volkswagen.

AUTOMÓVEIS - Na estratégia traçada pela Volkswagen no Brasil, a liderança do mercado passa por automóveis e comerciais leves?

SCHMALL - Eu acho que nós estamos no caminho certo. Nós começamos a liderar no segmento dos carros, que significa 80% da indústria no Brasil. Mantemos a esperança e vamos atacar com nossas novidades, como a nova Saveiro. Agora, com a chegada da picape média Amarok, temos uma chance concreta de, pela primeira vez, atacar comerciais leves também.

AUTOMÓVEIS - A Amarok vai ser suficiente?

SCHMALL - É um bom começo. Mas para cada reação, há uma contrarreação. Ninguém vai falar: ‘Olha, parabéns Volkswagen. Eu vou abrir o campo, fica livre aqui'. A concorrência reage também. Isso é uma disputa do dia a dia. Eu acho que, com a nova Saveiro, começamos bem. Não vamos parar.

AUTOMÓVEIS - Como vê as vendas da Saveiro?

SCHMALL - Ainda não dá para avaliar. Vamos ver no ano que vem. Em volume, a concorrência ainda está na nossa frente. Mas, na concepção da nossa rede, o carro caiu muito bem no gosto do consumidor.

AUTOMÓVEIS - Então a liderança só vem em 2010?

SCHMALL - Nós vamos atacar, mas de repente pode vir agora em 2009 com o sucesso de nossos comerciais leves. Em automóveis já dominamos. O que falta são comerciais leves. Vamos ver se a Amarok é suficiente. A liderança depende do volume de produção, curva de lançamentos e vendas, entre outras variantes. Mas nós temos uma boa chance.

AUTOMÓVEIS - Como o senhor explica o crescimento do market share da Volkwagen de quase dois pontos percentuais neste ano?

SCHMALL - Nós temos uma boa equipe e trabalhamos bem. O resultado da equipe vem dos nossos produtos, que combinam com o mercado. Têm aprovação dos nossos clientes.

AUTOMÓVEIS - Qual o balanço que o senhor faz do mercado brasileiro em 2009?

SCHMALL - Neste ano, a indústria crescerá mais do que 5%, já que o último trimestre de 2008 foi muito fraco, deixando a base de comparação favorável. Significa que temos a chance de atingir um patamar de 3 milhões de carros e comerciais leves até o final deste ano.

AUTOMÓVEIS - Qual o prognóstico para 2010?

SCHMALL - Eu avalio a possibilidade de um crescimento entre 3% e 6%. Eu acho razoável.

AUTOMÓVEIS - Qual vai ser a produção da Volkswagen no Brasil neste ano e quanto dela vai ser exportada?

SCHMALL - Isso depende ainda do comportamento do mercado. Neste ano a exportação simplesmente não existiu. Não é só um problema do câmbio, como em anos anteriores. Tivemos queda de 40% na Argentina e no México, dois mercados importantes para a Volkswagen do Brasil.

AUTOMÓVEIS - Em 2014, o senhor estima um mercado de 4 milhões de unidades no Brasil. Qual vai ser a fatia da VW ?

SCHMALL - Para cada quatro carros vendidos no País, um terá a marca VW, o que representará um share de 25%. Então, num mercado de 4 milhões, teremos 1 milhão.




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