Sopa, salsinha e pão. Este tem sido o cardápio do almoço de pelo menos 500 alunos da rede de Educação Infantil municipal de Mauá nos últimos 15 dias. O menu elaborado pelos nutricionistas da Prefeitura, que prevê arroz, feijão, macarrão e carne, não está sendo seguido em pelo menos quatro das 33 escolas da cidade destinadas às crianças com menos de 6 anos.

Pais e professores da EM Neuma Maria da Silva, no Jardim Paranavaí, e da EM Clotilde Álvares Doratiotto, na Vila Feital, relatam que os problemas começaram há duas semanas. Ao perguntar para as merendeiras por que apenas sopa e salsicha eram servidos, eles ouviram que a empresa contratada para distribuir a comida não entregou os alimentos. Procurada. a Cathita Comercialização e Distribuição de Alimentos não respondeu.

"Guardamos um pouco de comida dos outros dias. Estamos fazendo sopa porque dá para juntar tudo e não prejudica tanto a alimentação", conta uma funcionária. Ela pediu para não ser identificada pois teme represálias. Professores de outros dois colégios entraram em contato com o Diário, mas não quiseram dizer onde trabalham.

As denúncias foram levadas pelos professores ao vereador Manoel Lopes (DEM), que pretende cobrar respostas da Prefeitura de Mauá na sessão da Câmara, no dia 10 de novembro. "Farei um questionamento formal para saber por que está faltando merenda nas escolas", afirma Manoel, que acredita que o problema está atingindo toda a rede de ensino infantil, onde estudam mais de 13,6 mil crianças.

O vereador ainda reclamará por ter sido barrado na porta da EM Neuma Maria da Silva, ao pedir para ver a situação da cozinha. "A funcionária falou que eu não poderia entrar. Se lá é um prédio público, por que um vereador não pode entrar?", pergunta Manoel. O Diário também foi impedido de acompanhar a hora da merenda na tarde de ontem.

As crianças que saíam do colégio contavam que ganharam uma caixa de papelão colorida no almoço, contendo pão com frango, biscoito de goiaba e suco. "Esse kit deveria ter sido entregue no Dia das Crianças, pelo que falou a merendeira. Mas guardaram para dar hoje", diz Maria de Fátima, 36 anos, mãe de uma aluna do 1º ano.        

Ajudante percebeu que filho chega em casa com fome

O ajudante geral Otávio Corrêa, 27 anos, percebeu que a merenda estava fraca quando notou que os filhos chegavam em casa com fome. "Minha menina não gosta de salsicha. E só estão dando isso na escola. Não é à toa que, quando chega em casa, ela está varada de fome", conta Otávio, que está desempregado.

A Prefeitura de Mauá foi questionada por e-mail e telefone durante a tarde de ontem, mas não respondeu.

A Cathita Comercialização e Distribuição de Alimentos é responsável pela distribuição da merenda desde julho, quando firmou acordo com a administração municipal. O valor do contrato nunca foi revelado.