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Máscaras são parte da 'moda' japonesa há décadas
Da AFP
04/05/2009 | 14:26
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Em meio à pandemia da gripe A, ou gripe suína, máscaras se transformaram em "moda" em todo o mundo, mas no Japão elas já fazem parte do guarda-roupa diário há décadas, criando uma tendência.

O caso de amor do Japão com as máscaras cirúrgicas assusta muitos turistas, que se sentem desconcertados ao ver passageiros no avião, no metrô, no ônibus e vendedores usando a máscara protetora conhecida dos hospitais, e estranha nas ruas de outros países.

As máscaras feitas de gaze, criadas para proteção contra insetos, poeira e outros provocadores de alergias, são vendidas em lojas de conveniência em quase todas as cidades do Japão, que conta com 42 fábricas para proteger sua população de 127 milhões de pessoas dos perigos que pairam no ar.

"O japonês típico gosta de limpeza e higiene", disse à AFP Naoya Fujita, representante da Associação das Indústrias de Produtos Higiênicos do Japão.

"Eu acredito que é parte da 'psique' japonesa a procura por proteção a qualquer custo das doenças exteriores. Esse sentimento é maior do que a vergonha de usar a máscara."

A etiqueta social no Japão dita que as pessoas devem usar máscaras não só para se protegerem, mas também para proteger os outros de seus próprios germes, quando estão gripados, disse Fujita.

Os últimos números da indústria mostram que foram fabricadas 1,96 milhão de máscaras no Japão em 2007, incluindo modelos contra vírus e bactérias, pólen, poluentes industriais, o ar seco das aeronaves e proteção para o frio do inverno.

O Japão não tem casos confirmados da gripe A (gripe suína) que se espalhou do México para vários países, mas as vendas de máscaras cirúrgicas já aumentaram, enquanto os japoneses antecipam a chegada do perigoso vírus A H1N1.

Unicharm, uma fábrica de produtos de higiene líder de mercado, aumentou sua produção após o aumento em quatro vezes de sua meta de vendas de abril, sete vezes maior que a meta anual, segundo um representante da marca.

Especialistas criticaram em rede nacional as máscaras distribuídas no México e concluíram que a versão doméstica, feita de tecido de alta densidade, é mais eficaz contra os vírus.

Máscaras de tecido e metal eram comuns no Japão do início do século 20, quando houve um aumento da poluição do ar graças à industrialização do país. Sua utilização cresceu durante a época da gripe espanhola, em 1919, após o grande terremoto de Kanto em 1923 e quando o vírus influenza voltou, em 1934. Máscaras se transformaram em parte do vestuário diário desde então, com alta nas vendas durante o inverno e grande epidemias, como a SARS, há seis anos.

Em Tóquio, os habitantes usam as máscaras para se protegerem também do pólen do cedro, dos alergênicos vindos das florestas que rodeiam a capital desde a grande campanha de reflorestamento após a Segunda Guerra Mundial.

Em um país criador de tendências, não é surpresa que os fabricantes tenham criado uma máscara para cada ocasião, da onipresente Hello Kitty estampada até modelos com logos de grandes marcas de luxo mundiais.

A "Coleção de Máscaras" da Unicharm traz modelos clássicos com jóias bordadas e até proteção contra manchas de batom, junto com um pequeno manual de como coordenar as máscaras com diferentes roupas e penteados.

Básica ou chique, a questão principal sobre as máscaras é seu funcionamento efetivo. Quando médicos britânicos sugeriram na semana passada que as máscaras trazem uma "falsa confiança", o jornal Japan Times rebateu com o artigo "Grã-Bretanha e Japão em desacordo sobre o mérito da máscara protetora".

Especialistas alertam que o nível de proteção depende da própria máscara, do tempo de utilização e do ambiente onde ela é utilizada.

"É melhor que nada, mas é difícil bloquear completamente um vírus que paira no ar, já que ele pode escapar facilmente por pequenas fendas", disse Yukihiro Nishiyama, professor de virologia da Escola de Medicina da Universidade de Nagoya. "A melhor coisa a fazer é evitar aglomerações de pessoas, especialmente em espaços pequenos, porque o vírus pode se espalhar mais rápido do que em espaços abertos, onde são mortos pela luz do Sol."




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