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São Caetano exporta tecnologia de ponta
Marcelo de Paula
Do Diário do Grande ABC
15/06/2008 | 07:08
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A Omnisys Engenharia, de São Caetano, espera faturar US$ 250 milhões nos próximos cinco anos com a comercialização, em todo o mundo, de radares banda L, usados para controle de tráfego aéreo, que a empresa vai começar a fabricar em julho. O desenvolvimento do equipamento foi feito em parceria com sua controladora, a francesa Thales, e as primeiras nove encomendas serão destinadas ao Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), órgão do governo federal vinculado à Aeronáutica.

Segundo o presidente da Omnisys, o engenheiro Luiz Manoel Dias Henriques, o desenvolvimento do sistema completo começou em abril do ano passado e custou em torno de 6 milhões de euros, equivalente a R$ 15 milhões. Desse total, a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) entrou com aporte de R$ 2,2 milhões.

"Temos esses nove radares encomendados pelo governo brasileiro e já fechamos contrato para fornecer um radar para Cingapura em meados de 2009. Entramos também em uma concorrência na China, que pretende comprar sete radares. As chances de conquistarmos o contrato são muito boas", afirmou Henriques. Serão produzidos cerca de quatro radares por mês.

Única fabricante de radares no Brasil, a Omnisys foi fundada em 1997 por Henriques e outros dois engenheiros, Edgar Lima de Menezes e Jorge Hidemi Ohashi. No começo apenas prestava serviços de instalação e modernização de radares. Atualmente, a empresa produz radares meteorológicos, estações de telemedidas para acompanhamento do movimento de satélites e lançamentos de foguetes, entre outros equipamentos.

A empresa também fornece componentes para a linha de satélites sino-brasileiro CBERS 3 e 4 e para sistemas de defesa de navios da Marinha. Com esse portfólio, a Omnisys ampliou o faturamento, que foi de R$ 28 milhões no ano passado e deve chegar aos R$ 42 milhões neste ano.

O domínio dessas tecnologias é importante para o Brasil do ponto de vista estratégico, pois está diretamente relacionado à questão do controle e da segurança do espaço aéreo.
Comercialmente, são produtos de alto valor agregado e contribuem para melhorar o desempenho da balança comercial. Cada radar completo custa em torno de US$ 5 milhões. "Nosso portfólio envolve tecnologia muito avançada e 90% de todos os produtos são feitos aqui. O Brasil, que sempre importou radares, agora vai se transformar em exportador."

MÃO-DE-OBRA - Instalada em uma área de 2.800 mil m², a Omnisys conta hoje com cerca de 200 funcionários, dos 50% são engenheiros ou técnicos e 31 formados ou estudantes de instituições de ensino do Grande ABC. "As universidades locais formam profissionais incríveis. Mesmo assim, há falta de engenheiros, não só no Brasil, mas em várias partes do mundo. De qualquer forma, conseguimos montar uma equipe mesclada com gente experiente e jovens talentos."

Henriques explicou que sua empresa tem como política investir na formação de profissionais por meio de parcerias com universidades como USP (Universidade de São Paulo), Unicamp (Universidade de Campinas) e também com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). "Nessas parcerias são pagas bolsas de mestrado para alunos. O que queremos é que eles assumam teses de nosso interesse. É um apoio de duas mãos: a gente ajuda e tem um grande retorno", explica Henriques.




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