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Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024

Narciso está com leucemia e é afastado do futebol
Do Diário do Grande ABC
18/01/2000 | 17:47
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Uma reuniao às 8h30 no CT Rei Pelé, pouco antes do treino matinal, abalou os jogadores do Santos. O volante Narciso foi comunicar aos seus companheiros de equipe a doença que o afastou dos treinos: ele está com leucemia mielóide e terá que fazer um transplante de medula, logo depois de terminar o tratamento que vem realizando para equilibrar a produçao de glóbulos brancos no sangue. Ao mesmo tempo em que o atleta informava seus colegas, a diretoria dava entrevista coletiva na Vila Belmiro para esclarecer o mistério que vinha marcando a ausência de Narciso aos treinos. O presidente Marcelo Teixeira informou que o transplante será realizado em Seattle, nos Estados Unidos, ainda sem data marcada, e o clube irá arcar com as despesas.

A doença de Narciso foi descoberta no dia 27 do mês passado, quando os jogadores fizeram exames de sangue rotineiros, mas o jogador só foi comunicado na semana passada, quando novos resultados chegaram ao conhecimento dos médicos. "A reaçao foi a característica de todos aqueles que recebem esse tipo de notícia: ficou deprimido, questionando que aquilo nao podia estar acontecendo com ele", contou o médico Jorge Merouço.

Segundo o chefe do Departamento Médico do Santos, Evandro Trocoli, Narciso iniciou imediatamente um tratamento pré-cirúrgico, já com vistas ao transplante de medula que será realizado em Seattle. Os irmaos do jogador estao fazendo testes para se saber qual deles apresenta maior grau de compatibilidade para ser o doador. "Narciso é um atleta com ótimo condicionamento físico e o diagnóstico foi feito precocemente, o que dá um prognóstico muito bom, de 99% de chances de recuperaçao".

O presidente Marcelo Teixeira também mostrava-se confiante no sucesso do transplante, destacando os avanços da medicina nessa área. "A esperança é muito grande de que Narciso volte a jogar futebol seis meses depois da cirurgia", disse ele, informando que o clube irá arcar com os custos de todo o tratamento. O dirigente pediu respeito à privacidade do jogador, "já que a tranqüilidade é fundamental nesse momento de sua vida".

Reaçao - Os jogadores custaram a acreditar no que Narciso estava relatando e muitos nao conseguiram segurar as lágrimas ao tomar conhecimento do drama vivido pelo companheiro. "Foi um baque muito grande para todos nós", disse o lateral Anderson, um dos maiores amigos do volante no time santista. "Narciso é um irmao que a gente tem, infelizmente está acontecendo isso, e temos que passar a ele toda nossa força, nossa fé para que ele possa rapidamente voltar a fazer parte de nosso grupo".

Anderson já sabia que o amigo estava doente. "Mas nao sabia que o caso tinha toda essa gravidade". Contou também que Narciso estava tranqüilo quando contou seu drama aos companheiros. "Está até mais tranqüilo do que eu pensava, ele mostrou uma fé muito grande e passou para nós o que está realmente sentindo de uma forma bastante positiva".

Ao contrário de Anderson, o técnico Carlos Alberto Silva sabia da gravidade da doença de Narciso. "Fui o segundo a saber dessa triste notícia e nem consegui dormir direito", comentou nesta segunda-feira, lembrando que foi a segunda notícia trágica que recebeu em sua vida: a outra foi quando o exame anti-dopping de Zé Sérgio deu positivo. "As informaçoes que temos sao de que há 99% de chances dele se recuperar e estamos rezando por ele".

Vários tipos - O médico Ricardo Pasquini, chefe do serviço de transplante de medula óssea, do Hospital de Clinicas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, diz que há muitos tipos de leucemia mielóide, com tratamentos diferenciados, e portanto é impossível fazer previsoes sem conhecer os detalhes da doença. De qualquer forma, se tudo correr bem, no caso de Narciso, o jogador poderá voltar a jogar, "mas dificilmente antes de um ano".

O serviço do HC de Curitiba é pioneiro no transplante de medula, um dos mais bem conceituados do país. De acordo com Pasquini, a leucemina mielóide pode ser crônica ou aguda. No segundo caso, há uma série de sub-tipos da doença, o que prevê estratégias diferenciadas de tratamento. Nem sempre o transplante é necessário.




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