D+ Titulo Intimidade
Celulares cheios de intimidades

Dados internacionais apontam que 27,4% de parte dos adolescentes já recebeu ‘sextings’

Luís Felipe Soares
18/03/2018 | 07:10
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Agência Brasil


Na era digital, as ‘preliminares’ se expandiram com ajuda dos smartphones. A troca de intimidades começa bem antes de as pessoas sequer estiverem perto uma da outra, com mensagens de texto, fotos sensuais e vídeos íntimos aquecendo as conversas nos celulares de homens e mulheres. Pode parecer que o tema seja mais adequado ao universo adulto, mas são os jovens que aumentam sua participação nessa brincadeira sexual.

Dados reunidos pela revista científica Journal of The American Medical Association Pediatrics, no fim de fevereiro, revelaram que o chamado sexting (termo usado para definir o hábito de mandar mensagens com conteúdo sexual) vem crescendo entre os adolescentes. Entre as 39 pesquisas realizadas em diferentes pontos do planeta, incluindo Estados Unidos, Holanda e África do Sul, nas últimas oito temporadas, o resultado é que ao menos 27,4% dos entrevistados com idade entre 15 e 16 anos confessaram já terem recebido esse tipo de material. Detalhe que 14,8% do grupo (formado por 110.380 jovens) afirmaram enviar mensagens mais ousadas para parceiros ou possíveis crushs. Em 2009, entre as pesquisas iniciais sobre o tema, a média dos então jovens dessa faixa etária era de 15% para aqueles que recebiam esses sextings e 4% para quem já tinham enviado.

Não para negar que a prática já faz parte da cultura atual. Bastam alguns cliques na internet para encontrar listas para aprimorar suas técnicas de mensagens sensuais, dicas de como evitar que o nude vaze on-line e análises comportamentais que dizem que a ‘ação erótica’ melhora a vida sexual dos casais – nesse caso, levando em consideração apenas adultos.

“Receber é mais legal, mas normalmente ocorre uma troca”, explica Gabriel, 20 anos. “Acho que (a empolgação) é mais para instigar, deixar com vontade e, até mesmo, imaginar certas coisas.” O estudante do Grande ABC (que preferiu não se identificar) revela que tem preferência por fotos sensuais e se preocupa sempre em não mostrar o rosto no material que manda por meio da internet. Ele confessa que o tema sempre aparece no meio da conversa com amigos, gerando comentários de todos os tipos, inclusive sobre insegurança.

No meio da liberdade da expresão sexual é necessário ficar ligado quando há possibilidade do sexting fugir do controle pessoal da privacidade dos aplicativos de conversa e redes sociais. A pesquisa internacional mostra que 8,4% dos entrevistados dizem ter suas mensagens (com texto ou imagens) pessoais encaminhadas para terceiros sem autorização. É o que acontece, por exemplo, quando celebridades veem suas fotografias nuas pessoais se espalharem pelo mundo virtual, com o compartilhamento desse tipo de material sendo crime. Segundo levantamento da ONG Safernet Brasil em parceria com a Polícia Federal e o Ministério Público, foram registrados, em 2016, 301 casos de vazamentos de nudes no País. Em outro projeto em conjunto das três instituições, de 2013, as maiores vítimas desses vazamentos foram meninas com idade entre 13 e 15 anos (35,71%).

“Ah, medo a gente tem, né... Na verdade, é um receio, principalmente se tiver outros conhecidos em comum. Mas é aquilo: confiamos desconfiando”, encerra Gabriel. 




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