D+ Titulo Ambiente escolar
Consequências da intolerância
Luís Felipe Soares
09/04/2017 | 07:15
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A intolerância quanto a qualquer tipo de diferença pode chegar a níveis extremos. O ambiente escolar deveria ser local de troca de ideias, conhecimento e vivência, mas também acaba sendo espaço onde os adolescentes estão aprendendo a lidar com outras pessoas e esse contato pode gerar conflitos que ultrapassam limites. É positivo participar de brincadeiras nas quais todos os envolvidos concordam com a interação. Mexer de maneira humilhante com quem parece ser um indivíduo de menor força não é uma brincadeira: é bullying. 

O termo é utilizado para representar comportamentos violentos no contexto escolar. Cenários de agressões físicas de todos os graus, assédio moral, violência emocional e terror psicológico caracterizam esse tipo de ação. “Uma vítima pode ter diversas complicações no seu desenvolvimento. Desde o comprometimento emocional, no abalo da autoestima, crises de ansiedade, síndrome do pânico, depressão, isolamento social”, explica o psicólogo clínico André Correia, de São Bernardo. “Existem características diferentes na forma de se cometer o bullying. Os meninos geralmente são mais físicos, com agressões, ofensas, empurrões etc. Com as meninas, a violência acontece de forma mais velada e no âmbito emocional. Ambas as situações geram consequências semelhantes.”

Lei federal obriga locais como colégios e clubes a adotarem medidas de prevenção quanto a casos do tipo. No ano passado, foi aprovada a instituição do Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas, que ocorreu na sexta-feira (7), para recordar série de mortes que um ex-estudante do Rio de Janeiro realizou, em 2011, na antiga instituição de ensino onde teria sido vítima no passado – ele se matou ao fim da história.

Segundo levantamento realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2015, com estudantes de diversos pontos do Brasil, cerca de 46,6% dos entrevistados revelaram ter tido esse tipo de problema em suas vidas. Pesquisa comandada pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em 20 países constatou que dois terços dos jovens sofreram bullying, sem contar o fato de que um terço dos participantes considerou a prática normal e não contou a ninguém sobre os abusos.

Além de criar gigantesca rede de informações, a internet e sua liberdade também servem para ampliar a área de atuação dos maus-tratos. “Uma foto íntima que é vazada ou uma ofensa em comentário de uma imagem pode ganhar grande dimensão e o dano pode ser irreversível”, diz o psicólogo.

Em meio a essas complicações, os envolvidos devem procurar ajuda, inclusive os praticantes. Segundo Correia, eles geralmente são pessoas que, entre várias características preocupantes, possuem emocional enfraquecido, são intolerantes no exercício da aceitação, frágeis na sua identidade e carecem de afeto. Pais e professores podem ajudar, assim como psicólogos, atuando após os problemas ou realizando trabalho preventivo. Ser intolerante não é bom para ninguém.

Série da Netflix explora limites de uma adolescente

As consequências do bullying ditam o ritmo dos episódios de 13 Reasons Why, produção da Netflix (www.netflix.com) baseada no livro Os 13 Porquês (2007), do escritor norte-americano Jay Asher. 

Na trama, Clay encontra diversas fitas enviadas por Hannah, que tirou a própria vida há pouco tempo. O material deixado explica os motivos que levaram à morte, passando por mistérios entre personagens do colégio e como tudo a fazia se sentir. Com tom de thriller, o novo seriado pode servir de alerta para alguns casos reais. 




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