O estudo da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), que lista quatro cidades do Grande ABC entre as dez paulistas que mais registraram roubos de motocicletas nos três primeiros meses do ano, expõe de maneira enfática as falhas de Segurança na região. As particularidades dos municípios, próximos à Capital e cortados por rotas de fuga importantes, como as rodovias Anchieta e Imigrantes, além dos trechos Sul e Leste do Rodoanel Mário Covas, exigem planejamento policial especial.

Nos três primeiros meses do ano, Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá figuram com assustadora frequência na lista das cidades onde mais se registraram roubos de motos em território paulista. Como São Paulo possui 645 municípios, ser top ten é uma triste distinção. As autoridades precisam tomar providências para tornar o Grande ABC mais seguro.

Compreende-se que este é um crime difícil de ser combatido – especialmente por causa das particularidades das motocicletas, como a sua agilidade para escapar de cercos policiais, por mais estrategicamente que sejam montados. Exatamente por isso, o roubo desses veículos é, muitas vezes, o primeiro de uma sequência de delitos cometidos pelos bandidos, que, na condução ou na garupa do bem surrupiado, partem para a prática de outros crimes. Acabar com um, portanto, é colocar fim a muitos.

Responsável pelo combate à criminalidade, o governo do Estado se calou sobre os dados da Fecap, alegando desconhecer a metodologia empregada pela fundação – que, diga-se, garante estar baseada nos dados estatísticos da própria Secretaria Estadual de Segurança Pública. Apesar disso, argumentou que as ações adotadas pelas polícias “vêm dando resultado”. Não é o que se vê. As Operações Cavalo de Aço, que focam na circulação de motocicletas, são boas, mas as estatísticas ora divulgadas mostram ser insuficientes. Somente com inteligência é que os bandidos deixarão de levar vantagem sobre as autoridades. E os moradores do Grande ABC poderão, enfim, respirar um pouco mais tranquilos.