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Valorização do real provoca corrida às casas de câmbio

Desde a semana passada, dólar turismo caiu
6,94%; crise no governo Dilma provoca queda

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
09/03/2016 | 07:22
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Celso Luiz/DGABC


A valorização do real frente a outras moedas – principalmente o dólar, dos Estados Unidos – provocou aumento no movimento das casas de câmbio da região. Desde o dia 29, o dólar turismo teve queda de 6,94%, passando de R$ 4,18 para R$ 3,89. Divisas como o euro e a libra (utilizada na Inglaterra) também registraram diminuição na cotação.

A desvalorização do dólar turismo segue a tendência do dólar comercial, que ontem era vendido a R$ 3,73 e atingiu o menor valor desde dezembro. O ápice da valorização ocorreu no dia 21 de janeiro, quando fechou a R$ 4,16. Desde então, a queda foi de 10,24%.

A empresária Egle Moreno Righetto, 43 anos, aproveitou a oscilação negativa para comprar dólares para sua viagem aos Estados Unidos. “O problema foi que fechei o pacote na quarta-feira, com o dólar cotado a R$ 4,20. Mesmo assim, deu para aproveitar a cotação de R$ 3,90 para comprar as notas para levar.”

Já a psicóloga Ana Paula Rego, 35, está planejando ir para a Inglaterra. Mesmo não demandando dólar em espécie, ela também comemora a valorização do real. “Há algumas semanas, a libra estava custando R$ 6,20. Hoje está saindo a R$ 5,68.” Mesma situação é a da fisioterapeuta Christiane Mazzero, 28, que vai fazer mochilão pela Europa no meio do ano. O euro, que ela encontrou em fevereiro a R$ 4,90, era vendido ontem a R$ 4,36 em uma casa de câmbio de Santo André. “O dólar mais barato me ajuda na passagem. O voo para a Grécia, por exemplo, que custava R$ 1.900, caiu para R$ 1.500. Espero que continue assim.”

Por outro lado, a empresária Beatriz Killinger, 22, costuma vender os dólares. Isso porque ela trabalha com a comercialização internacional de sapatos pela internet. Para ela, a desvalorização da moeda é boa para os negócios, mesmo que isso signifique menos ganhos em uma mesma transação. “Com o dólar mais barato, aumenta a procura (pois os itens ficam mais baratos aqui).”

A equipe do Diário fez ontem cotações em três casas de câmbio da região. O valor do dólar em espécie variava de R$ 3,91 a R$ 3,97. Já para os cartões pré-pagos, oscilava entre R$ 4,16 e R$ 4,21. Em ambos os caso já está incluído o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O economista André Roncaglia, professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), explica que a desvalorização da moeda norte-americana está diretamente relacionada à intensificação das notícias negativas contra a presidente Dilma Rousseff e o PT. Desde a semana passada, por exemplo, a possibilidade de impeachment voltou a ganhar força após desdobramentos da Operação Lava Jato. “O enfraquecimento político do governo leva a uma incapacidade de o Executivo passar projetos nas casas legislativas. Qualquer situação que sinalize uma troca de comando no Palácio do Planalto é um indicativo de que algumas medidas duras para controle da dívida pública e do deficit fiscal podem ser tomadas no curto prazo”, comenta. Ele explica que o dólar é um ativo financeiro forte, ou seja, permite ao investidor uma saída fácil da economia brasileira em caso de crise. Portanto, em épocas de instabilidade, a procura pelo dólar aumenta mais do que por outros ativos, o que puxa para cima a cotação da moeda norte-americana. Quando o País dá sinais de recuperação (ainda que distantes) ocorre o inverso, e o preço cai.

A orientação de Roncaglia para quem vai viajar ao Exterior nos próximos meses é para que a compra da moeda seja feita em várias etapas, evitando adquirir tudo em uma única vez. “Assim, é possível se proteger da variação cambial”, destaca. Isso porque a pessoa pode esperar o dólar cair ainda mais e, entretanto, ocorrer o contrário. “É difícil prever.”
 




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