D+ Titulo Falta de segurança
Violência não para de crescer

Pesquisa aponta que assassinato de jovens do sexo masculino marca 47,85% do total óbitos no Brasil

Luís Felipe Soares
25/06/2017 | 07:13
Compartilhar notícia


A sensação de liberdade e de poder viver com tranquilidade é prazer que nem todos têm. Andar constantemente com o sentimento de que algo ruim pode acontecer fortalece a ideia de que a violência tem mais força do que a paz. Entre questões sociais, comportamentais e econômicas, a vida do brasileiro parece estar ainda mais sem segurança. Os dados do SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade), do Ministério da Saúde, mostram que o clima violento cresceu nos últimos anos e que os jovens também estão no centro das atenções da crise nacional de Segurança pública.

Em 2015, o Brasil registrou 59.080 casos de homicídios, número que representa média de 28,9 mortes a cada 100 mil habitantes. Uma década antes, a quantidade foi de 48.136 mortes. As informações foram reunidas no levantamento conhecido como Atlas da Violência 2017, produzido pela parceria entre o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O estudo revela detalhes sobre como o País ‘evoluiu’ no combate a esse tipo de caso em cidades e regiões com mais de 100 mil habitantes no período de dez anos, podendo ser encontrado gratuitamente na internet (www.ipea.gov.br) recheado de diferentes gráficos e texto para análise.

A percepção é de que o principal alvo é o jovem brasileiro. “Desde 1980 está em curso no País um processo gradativo de vitimização letal da juventude, em que os mortos são jovens cada vez mais jovens”, apresenta trecho do estudo. “De fato, enquanto no começo da década de 1980, o pico da taxa de homicídio se dava aos 25 anos, atualmente esse gira na ordem de 21 anos.” 

Acompanhando o restante dos números, a quantidade de homicídios entre indivíduos com idade entre 15 e 29 anos aumentou em 17,2%, com 31.264 mortes somente em 2015. As ocorrências principais atingem jovens do sexo masculino, com 47,85% de todos óbitos no Brasil registrados no período em estudo, sendo que a proporção chegou a 113,6 para cada 100 mil representantes da faixa etária.

FALTA DE OPORTUNIDADE

Os autores do projeto acreditam que o cenário acaba por ser espécie de reflexo da falta de oportunidades educacionais nesse grupo analisado, resultando em uma luta sobre restrição material e social. A complicação tem combustível o bastante para impulsionar a criminalidade com alto teor de violência.

“É um filme que se repete há décadas e que escancara a nossa irracionalidade social. Não se investe adequadamente na Educação infantil – a fase mais importante do desenvolvimento humano. Relega-se à criança e ao jovem em condição de vulnerabilidade social um processo de crescimento pessoal sem a devida supervisão e orientação e uma escola de má qualidade, que não diz respeito aos interesses e valores desses indivíduos. Quando o mesmo se rebela ou é expulso da escola – como um produto, não conforme numa produção fabril –, faltam motivos para uma aderência e concordância deste aos valores sociais vigentes e sobram incentivos em favor de uma trajetória de delinquência e crime”, aparece em uma das 69 páginas do Atlas. A busca por paz passa por decisões fundamentais que o Brasil parece não ter em sua pauta.  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;