O abraço entre os trabalhadores da Mercedes-Benz após a assembleia em que foi aprovado o acordo para evitar 1.500 demissões mostra o alívio daqueles que nos últimos dias se viram na iminência de perder o ganha-pão. De tornarem-se mais um número na nefasta estatística dos que se transformaram em reféns da crise econômica. No último mês, segundo dados da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) da Fundação Seade, eram 177 mil desempregados nas sete cidades da região, o equivalente a 12,7% da PEA (População Econômica Ativa) .

A possibilidade de engrossar essas fileiras tira o sono de qualquer um. Destrói planos, carreiras e pessoas. Ainda bem que imperou o bom-senso na relação entre empresa e trabalhadores. O cancelamento de 1.500 cortes é fato marcante e que merece ser enaltecido. A conquista de estabilidade para 10 mil traballhadores da metalúrgica pelos próximos 12 meses também é relato alvissareiro para todo o Grande ABC.

Claro que haverá redução de ganhos. Os trabalhadores vão receber 10% a menos todos os meses, mas como já foi relatado neste mesmo espaço, é melhor pingar que secar de vez, como apregoa a sabedoria popular. Complicação maior seria o fato de tantas pessoas estarem no olho da rua sem ter nada para honrar os compromissos mensais e suas famílias desassistidas.

As partes mostraram amadurecimento nas tratativas. Prevaleceu a serenidade de ambos os lados. A medida, se não é a melhor, é a que foi possível para o momento. Assim, a montadora e seus colaboradores podem ganhar fôlego para esperar que a turbulência seja superada, cada um dando a sua conta de sacrifício.

Agora, cabe ao governo federal agir rápido e de forma precisa para que o período nebuloso seja transposto o mais breve possível. O Brasil precisa de ação no sentido de baixar os juros, domar o dragão da inflação e, sobretudo, incentivo ao setor produtivo.