O primeiro dia de desfiles em Santo André, na Avenida Firestone, foi marcado pela organização da administração municipal e UESA (União das Escolas de Samba) na realização do Carnaval andreense. Com temperatura em torno dos 25ºC, boa infraestrutura e pontualidade, o público lotou as arquibancadas da passarela do samba. Segundo a organização do evento, cerca de 25 mil pessoas passaram pelo local durante toda a noite.

Na abertura do evento, passaram pela avenida seis agremiações do Grupo 2, que disputam uma vaga na elite do Carnaval de Santo André em 2017. Com samba-enredo fácil de decorar, carros grandiosos e acabamentos quase impecáveis, as agremiações Beleza Pura e São Jorge foram os destaques da noite.

Pontualmente às 21h10, a caçula das escolas de Santo André, a Asa Branca, abriu os desfiles da noite brincando com o tempo e sua eternidade. Com enredo Asa Branca Embala na Onda do Tempo em Busca de sua Infinitude, a escola trouxe para a avenida 240 componentes, dois carros alegóricos e um tripé. Com participação significativa de crianças em suas alas, conquistou o público.

“Nossa comunidade é formada por muitas crianças. Ao longo do tempo, tornou-se uma marca registrada do nosso desfile. Em especial neste ano, como nossas fantasias e carros entram nesse mundo lúdico, acho que fizemos aposta certeira”, relata o presidente da agremiação, Wellington dos Santos, o Coxinha.

Apesar dos carros alegóricos terem sido elogiadas pelo público, em especial a segunda alegoria, que trouxe clássicos infantis como Sítio do Pica Pau Amarelo, Alice no País das Maravilhas e Sininho, a escola foi prejudicada com acabamento incompleto de fantasias. Em algumas alas, os componentes desfilaram descalços.

Com samba simples e fantasias sem luxo, a Acadêmicos do Centreville foi a segunda agremiação a entrar na passarela do samba. Com o enredo Eu Sou Centreville, Onde meu Coração se Deixou Levar Neste Mundo de Ilusões e Magias, a escola trouxe nove alas e duas alegorias para a avenida.

Durante o trajeto, a agremiação viu grande vão se abrir entre a ala das baianas e a bateria. O buraco foi preenchido com passistas, mas a evolução sentiu a falha. “Não me importa o resultado, o que me deixa satisfeito é saber que conseguimos colocar todo nosso trabalho na avenida”, disse o presidente do Centreville, Reginaldo Jacobina do Nascimento, o Doré, que durante a entrevista se mostrava visivelmente abalado.

Após ser rebaixada no ano passado ao Grupo 2, a Mocidade Independente Cidade São Jorge apostou em sua própria recuperação para levantar o público e conquistar os jurados. Cantando o enredo A São Jorge Faz o Seu Papel, Levanta Sacode a Poeira e dá a Volta Por Cima, a agremiação levou para avenida componentes com o samba afinado e alegorias luxuosas.

Com alas coreografadas, a São Jorge fez o público da arquibancada cantar em coro o refrão: “Vem meu amor/ São Jorge eu sou...guerreiro/ Trago no peito meu estandarte/ Eu sou o rei que não perdeu a majestade.”

Apostando forte no título da Grupo 2, a escola trouxe três carros, um tripé, dez alas e 320 componentes, números superiores aos das demais agremiações. “Fazia tempo que não tínhamos um enredo tão cativante como esse. Após o rebaixamento, a escola reacendeu a chama do Carnaval. Exemplo disso foi que quando a última ala saiu da avenida, todos os componentes continuaram cantando com o público”, disse, emocionado, o presidente da escola, Luis Carlos Lino.

Alas coreografas, fantasiadas com acabamento impecável, alegorias com até seis metros de altura e samba-enredo sobre as tradicionais brincadeiras infantis. Quarta escola a entrar na passarela do samba, a agremiação Beleza Pura parece ter entrado na avenida sabendo a fórmula certa para um desfile sem erros. Com enredo Beleza Pura Revive Eternas Diversões Infantis, a escola encantou o público presente com um desfile animado.

Ao colocar todos os seus 300 componentes na avenida, o que se viu no desfile da Beleza Pura foi um grande tapete colorida. Baianas vestidas de Emília, do Sítio do Pica Pau Amarelo, ritmistas da bateria de Batman e Superman, alegorias que remetiam a brincadeiras como ciranda-ciradinha e componentes grafitando durante a passagem da escola foram alguns dos quesitos que conquistaram o público. “Foi sensacional. As fantasias eram simples de se compreender, tinha até uma falando do Facebook e WhatsApp. Gostei muito deles. Terá minha torcida”, disse a auxiliar de sistema Thais Barreto, 27 anos.

Emocionada durante todo o trajeto de sua escola, a presidente da Beleza Pura, Sueli Cezário dos Santos, não segurou as lágrimas e chorou ao término do desfile. “É gratificante ver que conseguimos colocar todos nossos sonhos na avenida e escutar o público cantando junto. Durante dois anos batemos na trave, sem contar que não temos barracão. Guardo as alegorias na minha casa e garagem de amigos. São muitas dificuldades, mas nada nos impede de trazer esse belo desfile”, relata.

Quinta agremiação a entrar na avenida, a Império do Parque Novo Oratório apostou neste ano na história de Nelson Mandela para agradar o público. Com o enredo A Visita do Rei Mandela...ao Império de Ajoió, a agremiação teve uma passagem sem erros pela avenida.

Além do seu tradicional tigre, a escola apostou em outros animais nos carros alegóricos. Tigre, elevantes e girafas foram alguns deles. “Achei muito lindo os carros remetendo à África. Meus filhos amaram”, disse a cuidadora de idosos Angela Aparecida da Silva, 44.

A bateria da escola também foi outra que chamou a atenção. Com ritmistas animados, o público entrou no clima e sambou durante toda passagem da agremiação.

Encerrando a primeira noite de Carnaval de Santo André, Mocidade Fantástica de Vila Alice entrou na avenida por volta das 2h40 já com menor público na arquibancada. Contando a história de mulheres guerreiras, teve que acelerar o ritmo de seus componentes no fim do desfile para não estourar o tempo.

Com o enredo Mulheres Guerreiras, um Elo de Herança Ancestral, a agremiação fez desfile correto, entretanto, apagado. “Assisti todas as escola. Até gostei da última, mas acho que outras foram melhores”, opinou a esteticista Rogéria Mello, 27.