Economia Titulo Consumidor
Revendedora de carros fecha e deixa clientes no prejuízo

Mais de 50 boletins de ocorrência foram feitos contra a loja de veículos usados Romão Multimarcas, de São Bernardo

Renato Gerbelli
Especial para o Diário
06/08/2014 | 07:11
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A revendedora de veículos Romão Multimarcas, de São Bernardo, fechou as portas sem avisar e deixou dezenas de pessoas desamparadas. Cliente do estabelecimento, a dona de casa de Ribeirão Pires Maiza Maria da Silva Andrade comprou um Renault Duster na loja em abril, dando o seu Renault Scenic de entrada, e financiou o restante do valor. Porém, a seguradora avisou que o carro era proveniente de leilão e que poderia cobrir apenas 80% do valor que constava na tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

“Fomos à loja, cancelamos a compra e eles se desculparam pelo ocorrido, dizendo que também não sabiam que o carro era de leilão, e devolveram o Scenic. A loja também se comprometeu a cancelar o financiamento no mesmo dia”, explicou Maiza.

Dois dias depois, a loja ligou oferecendo um Toyota Corolla. Maiza e o marido gostaram do carro, deixaram novamente o Scenic como entrada e fecharam negócio. “Por conta do problema anterior, eles se comprometeram a arcar com os custos da documentação do veículo e também alegaram que houve um atraso no cancelamento do primeiro financiamento, mas que seria resolvido em breve. Quando fomos buscar os documentos do Corolla, uma semana depois, a loja já estava fechada. Prontamente prestamos queixa na delegacia”, contou. “Agora, estamos com o financiamento da Duster em aberto e pagando o Corolla sem ter todos os documentos em mãos”, completou.

A situação de Genivaldo da Costa Alves, morador de Diadema, atualmente desempregado, é ainda mais difícil. Foi ele quem comprou o Scenic que Maiza deu de entrada pelo Corolla, mas está com o carro parado na garagem e sem saber o que fazer. Ele sequer fez o BO (Boletim de Ocorrência) na delegacia.

“Dei R$ 8.000 de entrada pelo Scenic e financiei o restante do valor. Infelizmente perdi os documentos do carro e, quando fui à loja retirar a segunda via, ela não existia mais, e o veículo ainda não está em meu nome. As parcelas do carro também não chegaram. Então nunca existiu o financiamento. Levaram meu dinheiro e a única coisa que tenho é o recibo”, afirmou. “Tomei esse golpe e estou sem rumo. Quando paguei estava trabalhando, agora eu e minha esposa estamos desempregados e com o carro parado na garagem. Nem quero mais o automóvel, na situação em que estamos, só quero o dinheiro de volta”, completou Alves.

A importância de fazer o BO neste caso é destacado pela advogada especializada em Direito do Consumidor Ana Paula Satcheki. “Se for caracterizado o golpe, o BO é imprescindível. Dentro da legislação, quem teve prejuízo pode entrar com ação de reparação de danos para não sair lesado”, afirmou. “Porém, o documento registrado na delegacia não garante que a pessoa não terá prejuízo. Talvez o consumidor tenha que arcar com as perdas. O dono do estabelecimento tem que ter patrimônio suficiente para arcar com todos os custos”, acrescentou Ana Paula.

De acordo com o 1º DP de São Bernardo, mais de 50 pessoas fizeram BO contra a Romão Multimarcas. O caso foi encaminhado ao Ministério Público e está em fase final de processo.
 




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