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Campestre tem chef de gastronomia escandinava
Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
07/03/2015 | 07:00
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Do fogão de uma cozinha residencial no bairro Campestre, em Santo André, saem pratos que vão muito além do trivial arroz, feijão, bife e batata frita nosso de cada dia. No cômodo preferido da casa de Denise Guerschman, 36 anos, são preparadas iguarias de uma culinária pouco conhecida no Brasil e originária de milhas e milhas daqui: a escandinava. O termo é equivalente aos países nórdicos Dinamarca, Noruega e Suécia e, apesar de não ser tão afamada, essa gastronomia está entre as mais premiadas do mundo.

Os ingredientes mais tradicionais podem provocar impacto em um primeiro momento. “A culinária utiliza carnes de caça exótica, como rena e alce, queijos de cabra, que parecem chocolate pela cor marrom, ovas de salmão defumadas, entre outros. As pessoas acham curioso”, fala.

O primeiro contato da chef com a cultura se deu na adolescência, quando, aos 15 anos, participou de intercâmbio estudantil, por um ano, na Suécia e Noruega. De volta a Santo André, formou-se em hotelaria e, certo dia, ajudando uma prima proprietária de bufê, em um evento, foi convidada por um chef francês para estagiar em seu restaurante.

Denise tomou gosto pelo ramo e o segundo estágio foi com ninguém menos que o consagrado chef de cozinha Alex Atala. “Passei quase dois anos estagiando com o Atala e, quando saí, vi que todo mundo que queria deslanchar na área de gastronomia viajava, fazia estágio fora e voltava”, conta. “A maioria vai para a França, Itália, Espanha. Como eu já tinha morado na Noruega e Suécia e curtia muito a gastronomia da Escandinávia, em 2003 fui para lá, onde fiquei por quase oito anos.”

Da experiência surgiu outra paixão. “No último lugar em que trabalhei, desenvolvia a receita, tirava foto, montava anúncio e mandava para o jornal. Resolvi fazer um curso de design gráfico. Voltei para o Brasil e fiz aulas de foto gourmet. Hoje, o meu ganha-pão é food stylist e produção”, explica ela, que tem no currículo campanhas visuais de grandes marcas e já produziu o passo a passo de receitas para programas de TV como o Tempero de Família, apresentado no canal a cabo GNT pelo ator Rodrigo Hilbert.

Denise concilia esse trabalho com a realização de jantares escandinavos, feitos periodicamente em diversos espaços da Capital. O amor pela gastronomia está não só nos deliciosos pratos que prepara como também no corpo: ela tem tatuado, no braço esquerdo, um garfo com os dizeres ‘Mat er kunst’, que em norueguês significa ‘Comida é arte’. “Me realizo na cozinha. É como diz a frase: ‘Trabalhe no que gosta e não terá de trabalhar um só dia’.”

Ortopedista muda vida de bebês com pé torto congênito

Para pais e mães, uma das maiores emoções após o nascimento dos filhos é assistir aos primeiros passos da criança. Esse é o mesmo sentimento da médica ortopedista Tatiana Guerschman, 37 anos, irmã da chef de cozinha Denise Guerschman. Especializada em ortopedia pediátrica, ela é a única profissional do Grande ABC que trabalha no tratamento de uma patologia chamada pé torto congênito. “Acontece com frequência de um para cada 1.000 nascidos vivos e é mais comum em meninos. Existem fatores genéticos relacionados e ocorre por volta do segundo trimestre da gestação”, explica a doutora.

Passados 15 dias do nascimento, é hora de aplicar o método, chamado Ponseti, criado pelo médico Ignacio Ponseti há mais de cinco décadas, na Universidade de Iowa, nos Estados Unidos. “Trata-se de uma troca seriada de gesso. Fazemos o gesso, desde a pontinha do pé até a raiz da coxa, e a criança fica com ele durante uma semana e troca”, esclarece Tatiana. “Após em torno de quatro a seis gessos, a gente consegue corrigir o pé. Antes do último, fazemos uma pequena cirurgia para a liberação do tendão calcânico, que fica atrás do pé.”

Após o gesso, a criança terá que usar uma órtese. “São duas botinhas com um ferrinho no meio e ela usa durante 23 horas, por três meses, só tira para tomar banho. Depois, usa durante 14 horas, até os 4 anos”, fala a médica.

Moradora do Campestre, ela atende em clínica na Rua Catequese, no bairro Jardim, e no Hospital Infantil e Maternidade Márcia Braido, em São Caetano. “Nesses últimos quatro anos, acompanhei 30 casos em cada local.”

Ao fim do tratamento, o resultado são pezinhos que poderão andar, correr e pular como toda criança tem direito. “É um método simples, que não depende de muitos aparelhos, mas sim de conhecimento, da minha mão e do gesso, que é a coisa mais barata que existe na ortopedia. É algo que vai mudar a vida da criança e isso é muito gratificante”, conclui.

Ilustrador dá cor a paredes com bom humor e muita arte

Um ambiente sóbrio demais precisa de algo para trazer energia ao espaço. É nesse sentido que o ilustrador Edson Carlos Lovatto Júnior, 31 anos, transforma paredes em obras de artes, com desenhos cheios de estilo e bem-humorados. “Me baseio muito nos grafiteiros para fazer muralismo. Uso tinta de parede e caneta com tinta permanente. Ultimamente, tenho investido em personalização de ambiente de hamburguerias, restaurantes. As pessoas têm procurado bastante”, conta ele.

Na escola, Lovatto divertia-se fazendo caricaturas de alunos e professores. “Mas evito fazer caricaturas hoje porque as pessoas confundem com retrato. A caricatura é a distorção dos elementos de anatomia da pessoa, mas não necessariamente é a verdadeira imagem dela”, explica.

Em janeiro, um de seus retratos ganhou proporções nacionais. “Uma edição da revista Época trouxe na capa um desenho meu do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, em formato de máscara carnavalesca”, conta.

Mesmo com o talento reconhecido, ele prefere a modéstia. “Sou um pouco cético com relação ao meu trabalho. As pessoas dizem que desenho bem e acho que tenho um nível razoável.” 




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