Economia Titulo Setor automobilístico
Montadoras têm pior nível de produção em nove anos

Fabricação de veículos no semestre foi 18,5% menor ante mesmo período de 2014

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
07/07/2015 | 07:07
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Denis Maciel/DGABC


As montadoras tiveram, neste ano, em volume de veículos produzidos no País, o pior primeiro semestre desde 2006. Foi fabricado, de janeiro a junho, 1,276 milhão de unidades de automóveis, picapes, caminhões e ônibus, 18,5% menos na comparação com igual período de 2014, de acordo com dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgados ontem.

Com o desempenho, as fabricantes voltam, no semestre, a patamar semelhante ao de nove atrás, quando saiu das linhas de montagem 1,196 milhão de unidades. Para isso, houve contribuição dos números do mês passado (184 mil unidades produzidas), 12,5% inferior a maio e o menor resultado para junho desde 2004.

O pé no freio da produção reflete o cenário de vendas fracas, que obrigou as empresas do setor a se ajustar. Isso porque o total de licenciamentos de veículos zero (1,318 milhão de unidades) de janeiro a junho é 20,7% inferior ao do mesmo período de 2014 e a pior marca desde 2007.

A situação é especialmente crítica na área de caminhões, que acumula queda de 42,3% nas vendas no semestre. “A crise de confiança nos investimentos reduziu drasticamente as vendas do setor”, afirmou Marcos Saltini, vice-presidente da Anfavea. E dentro da categoria, as vendas de caminhões pesados encolheram 61% no período.

EMPREGOS - O desemprego na indústria automobilística segue crescendo. Em junho, foram fechadas mais 943 vagas nas montadoras, que agora reúnem 121.085 postos de trabalho. Incluindo as empresas de máquinas agrícolas, hoje a atividade gera 138.200 empregos, contingente 1.271 menor que em maio. O total empregado é o menor desde dezembro de 2010.

Ao mesmo tempo, as fabricantes adotam medidas para tentar preservar postos de trabalho: férias coletivas, licenças remuneradas, banco de horas e lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho). Hoje há 36,9 mil empregados afastados por algum desses instrumentos de ajuste, dos quais cerca de 13,2 mil nas montadoras do Grande ABC.

Mesmo com a redução dos efetivos e instrumentos para ajustar a produção, os estoques seguem elevados: correspondem hoje a 47 dias para desova do volume parado nos pátios das fábricas e nas lojas, ante 51 dias no fim de maio.

Um dos poucos dados positivos divulgados ontem pela Anfavea são as exportações. As vendas de veículos ao Exterior em julho (48,1 mil unidades embarcadas) foram 17% acima de maio e as maiores dos últimos 20 meses. No acumulado do ano, o total destinado a outros países foi 16,6% superior ao primeiro semestre de 2014.

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, destaca que as montadoras já vinham se antecipando ao PNE (Plano Nacional de Exportações), lançado recentemente pelo governo federal e que prevê acordos comerciais com mais mercados externos, para melhorar a balança comercial. O setor nacinal já tem acordo com México – para onde as vendas de veículos cresceram 70% no primeiro semestre – e vem negociando entendimentos com outros países da América Latina. No caso, por exemplo, do Peru, com o qual já há conversas em andamento, os embarques já aumentaram 82%, cita Moan.

O resultado poderia ser melhor se não fosse a crise na Argentina, que ainda responde por 70% das exportações automobilísticas brasileiras. Para o país vizinho, as encomendas se reduziram em 4% nesta primeira metade do ano em comparação com igual período de 2014.  




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